Senado lança 3º volume de Escritoras do Brasil na Feira de Porto Alegre

Da Comunicação Interna | 18/11/2019, 19h25

"Quanto mais ignorante é um povo tanto mais fácil é a um governo absoluto exercer sobre ele o seu poder. É partindo desses princípios, tão contrário à marcha progressista da civilização, que a maior parte dos homens se opõe a que se facilite à mulher os meios de cultivar o seu espírito". O trecho da obra Opúsculo Humanitário, escrito em 1853, foi lido pela coordenadora da Biblioteca do Senado, Patrícia Coelho, durante lançamento do livro da escritora e educadora Nísia Floresta, no dia 11, na Feira do Livro de Porto Alegre.

Considerada a primeira feminista do Brasil, Nísia Floresta (1810-1885) foi homenageada com o 3º volume da Coleção Escritoras do Brasil, um conjunto de publicações que traz à luz mulheres de vigorosa produção intelectual entre os séculos 19 e 20 que, no entanto, não tiveram seu trabalho reconhecido em razão da condição de gênero.

— A ideia é retomar não só a produção intelectual dessas mulheres, mas também refletir sobre como aquela produção intelectual dialoga com os dias de hoje. E aí é enriquecedor e ao mesmo tempo triste poder ler essas obras e perceber que muitas das temáticas trabalhadas em 1830, 1840, 1880, parecem, de uma forma vexatória, atuais. Quando a gente não valoriza os direitos já conquistados, a chance de perdermos é muito maior — disse a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka.

Opúsculo Humanitário reúne 62 artigos da educadora, escritora e poetisa potiguar, que também morou em Olinda, Porto Alegre e Rio de Janeiro antes de se mudar para a França, onde morreu. Sua cidade de origem, Papari, a cerca de 30 quilômetros de Natal, foi rebatizada com seu nome após a vinda de seus restos mortais, na década de 50. Em sua obra, Nísia Floresta se notabilizou pelo estudo sobre como as nações enxergavam o papel da mulher na sociedade e pela crítica ao atraso brasileiro nessa área. Não apenas escritora, fundou escolas e militou pelo abolicionismo e pelos direitos indígenas.

Além da diretora-geral e da coordenadora da Biblioteca, falaram ao público de quase 60 pessoas no Centro Cultural Érico Veríssimo, na capital gaúcha, a escritora Hilda Flores, a organizadora do grupo de leitura Leia Mulheres Porto Alegre, Clarissa Xavier, e a especialista em Direito Público, Mariana Ferreira, integrante do Movimento Mulheres do Brasil.

Antes de Nísia Floresta, o Senado havia lançado Mulher Moderna, de Josefina Álvares de Azevedo, e Ânsia Eterna, de Júlia Lopes de Almeida. A ideia é chegar a 30 volumes na Coleção. O quarto volume será lançado em 2020, ainda sem nome de escritora definido.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)