Potencial turístico de Brasília é equiparado ao de qualquer capital do mundo na CDR

Aline Guedes | 30/10/2019, 12h40

Brasília tem potencial turístico para competir com qualquer outra capital do mundo, segundo debatedores que participaram de audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) nesta quarta-feira (30). O presidente do colegiado, senador Izalci Lucas (PSDB-DF), propôs a discussão por achar importante estimular o turismo cívico, especialmente na Capital.

A secretária de Turismo do Distrito Federal, Vanessa Mendonça, disse que, embora Brasília já seja reconhecida como destino turístico, é preciso reforçar na mente dos brasileiros que a cidade foi construída como símbolo da esperança. Para ela, é fundamental resgatar a história recente da Capital, até mesmo entre os próprios os moradores. Vanessa defendeu o turismo cívico como política de Estado. Além de valorizar as instituições e tradições, ela acredita que a medida reforça a cidadania, gera pertencimento, aumenta o vínculo da sociedade com a cidade e posiciona o Brasil como nação para o mundo.

— Investir no turismo cívico é mais do que uma oportunidade e um alinhamento com a política nacional: é um meio de concretizar seu enorme potencial turístico, econômico e social — comentou.

A secretária citou o exemplo do Programa Brasília Nossa Capital, implantado em outubro na grade curricular do Ensino Básico do Distrito Federal. Trata-se de um roteiro cívico pedagógico que inclui aulas-passeio programadas a pontos estratégicos de Brasília. Além disso, segundo Vanessa, o investimento de R$ 40 milhões para revitalização da área central da cidade, anunciado pelo governo em parceria com a iniciativa privada, é outra medida para aumentar os números de visitação.

— Nossa Capital é uma das mais lindas desse mundo. Podemos, sim, competir, e com muito mais vantagem [sobre elas], porque Brasília reúne atributos que outras não têm. Tombada aos 27 anos como Patrimônio Cultural da Humanidade, comparada a outras que têm milhares de anos, temos um diferencial enorme.

Símbolos nacionais

Cláudia Maldonado Lopes, da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing, citou o exemplo de cidades como Washington, nos Estados Unidos, e Joanesburgo, na África do Sul, que valorizam os símbolos nacionais como fórmula para impulsionar o turismo cívico. Ela disse que Brasília também tem os mesmos valores, independentemente de partidarismos políticos, e isso deve ser valorizado e utilizado para impulsionar o setor.

— Eu chamaria atenção ainda para a palavra gentileza: aqui não se joga papel no chão, não se usa buzina e, independentemente de onde o cidadão tenha nascido, Brasília é a nossa capital. Então, a gente precisa transmitir isso de maneira positiva.

Para o representante da Associação da Indústria Hoteleira (Abih), Henrique Severien, Brasília precisa incentivar a cultura da visitação. Segundo ele, o turismo cívico deve ser estimulado entre toda a população, desde a infância. Na visão do debatedor, ensinar as crianças é recrutá-las como agentes de divulgação dos conteúdos culturais, jurídicos e arquitetônicos da própria cidade.

— A vantagem do turismo cívico é seu poder de despertar para todas as outras formas de turismo. É importante para todas as cidades, para todas os estados, para todas as histórias. Além de marcante, é uma área que tem grande potencial de crescimento e sobrevive a qualquer crise — defendeu.

Izalci Lucas concordou que o turismo cívico deve ser tratado como política de Estado. Para o parlamentar, no entanto, antes de estender a medida para as demais capitais do país, os estudantes do próprio Distrito Federal precisam de oportunidades para conhecer bem a Capital onde moram.

— Antes, a gente precisa fazer o dever de casa, trabalhando o tema nas escolas. E esta foi a primeira de várias audiências e iniciativas desta comissão com vistas ao aperfeiçoamento da política de turismo no Brasil — adiantou o senador.

Requerimentos

Após a audiência pública desta quarta-feira, os senadores aprovaram dois requerimentos de Izalci Lucas. Um deles, para debater a elaboração da “Carta Brasileira para Cidades Inteligentes” e apresentar os programas do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (MCTIC) para o planejamento e implantação de cidades inteligentes no Brasil. O outro requerimento é para audiência pública sobre o desenvolvimento e a expansão regional dos serviços de telecomunicações, especificamente no que tange ao acesso à internet, bem como apresentar os programas do governo na área. As datas dos dois debates ainda serão marcadas.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)