Defesa da valorização do magistério marca sessão em homenagem ao Dia do Professor

Da Redação | 25/10/2019, 16h35

Valorização salarial, melhores condições de trabalho, respeito e mais investimento na educação. Essas foram as principais defesas apresentadas por representantes da educação, senadores e estudantes que participaram da sessão especial realizada nesta sexta-feira (25) em comemoração ao Dia do Professor, celebrado nacionalmente no dia 15 de outubro.

A sessão foi proposta pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF) com o objetivo de reconhecer a atividade desempenhada por esse profissional.  No Brasil, o Dia do Professor foi oficializado em 1963, pelo então presidente da República, João Goulart (1919–1976) com o Decreto 52.682, de 14 de outubro de 1963, determinando que o dia 15 de outubro deve ser dedicado ao professor além de estabelecer feriado escolar.

Representando os professores aposentados da educação especial, Ana Cristina Silva destacou dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento  Econômico (OCDE) segundo os quais o Brasil está no último lugar no ranking de valorização de professores e na primeira posição em relação aos países com maior índice de violência contra os educadores.

— Esses dados são reais e preocupantes, e a gente só tem uma pergunta a fazer: quando foi que o Brasil começou a errar e nós não percebemos? Na minha época de aluna não existia isso. Professor era autoridade máxima, era o nosso ídolo. E hoje nós somos o primeiro lugar no ranking em violência contra o professor. Tivemos este ano um professor morto dentro da escola. A gente hoje vê nas mídias sociais professores espancados — lamentou.

Secretário de Educação do Distrito Federal, João Pedro Ferraz dos Passos disse que é preciso ter responsabilidade e buscar identificar os erros para garantir o futuro daqueles que hoje são alunos, mas que em pouco tempo estarão no Parlamento, à frente das secretarias de educação ou nas diretorias das escolas.

— Eu me sinto um pouco frustrado. Eu acho que a nossa geração falhou. Se nós não andamos bem, é porque não fizemos corretamente. (...) nós precisamos saber onde erramos para retomar. E erramos. Porque senão a educação e os professores não estariam hoje com todas essas reclamações — afirmou.

Representando os estudantes, a aluna Maria Clara de Paula, do Centro de Ensino Médio da Asa Norte (Cean) reconheceu os professores como transmissores de conhecimento e atores capazes de mudar a história de um cidadão.  Para ela, eles são os verdadeiros responsáveis por manter viva a esperança de um futuro melhor para o país.

— É impossível tornar-se um real cidadão sem passar por um professor. São essas pessoas que acreditam plenamente na educação e que mudam a realidade de milhares de pessoas todos os dias, e é a partir desses profissionais que existem outras profissões. São esses profissionais que criam um laço tão grande com seus alunos, tornando-se uma parte da família dos mesmos. Todos nós temos um professor ou uma professora que mudaram a nossa história, aquela que realmente marcou nossa vida e jamais será esquecida — lembrou.

Desrespeito

Para Izalci Lucas, há uma inversão de valores no país quando se tem um Estado que não respeita os educadores, o que acaba refletindo na formação das crianças e adolescentes e no desempenho do Brasil no ranking de aprendizado mundial, realizado a cada três anos, pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Mais uma vez, salientou, o Brasil ficou entre os últimos colocados.

— Os países que investiram em educação e, sobretudo, na valorização do professor, todos eles prosperaram, evoluíram e foram capazes de formar gerações ricas em saber — disse.

Professora pioneira no Distrito Federal e responsável pela alfabetização de crianças desde a inauguração de Brasília, Natanry Osório, afirmou que educar é basicamente um processo de amor em ação que pode transformar a sociedade.

— A receptividade do educando tem por base essencial a radiação amorosa que sente no mestre. Vamos fazer de nossas escolas verdadeiras usinas geradoras de amor. Uma usina de amor ação é a nossa proposta — sugeriu.

Durante a sessão, a Banda Acorde, formada por alunos do Centro de Ensino Especial de Taguatinga, tocou o Hino Nacional e músicas regionais que encerraram o evento.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)