Comemoração do centenário do Brasil nas Olimpíadas é defendida em audiência

Da Redação | 24/10/2019, 14h16

O centenário do envio da primeira delegação brasileira aos Jogos Olímpicos será no ano que vem, razão pela qual o Brasil pode declarar 2020 como o Ano da Participação Olímpica Brasileira. É o que prevê o Projeto de Lei 5.183/2019, que foi debatido nesta quinta-feira (24) pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).

Autora da proposta, a senadora Leila Barros (PSB-DF) presidiu a audiência pública, na qual todos os convidados defenderam a comemoração do centenário. Ela contou que estão previstos para o ano que vem palestras e eventos sobre a participação do Brasil nas Olimpíadas e a emissão de moedas, selos e medalhas com o tema.

Desde as Olimpíadas de 1920, na Bélgica, o Brasil participou de todas as edições dos jogos, com exceção do ano de 1928, quando não houve recursos para enviar a delegação a Amsterdã. Os brasileiros conquistaram até o momento um total de 128 medalhas.

Uma das atletas que representou o país em duas edições dos Jogos Olímpicos é Luisa Parente (Seul, em 1988, e Barcelona, em 1992). Hoje secretária da Autoridade Brasileira de Controle Antidopagem, ela comentou na audiência a importância de inserir a comemoração do centenário na vida nacional.

— Tudo que fomenta a cultura esportiva tem um valor que vai muito além da prática do esporte, que por si só já traz muitos benefícios. A cultura esportiva e a torcida unem o país e revelam atletas que enriquecem nossa história olímpica, verdadeiros heróis do esporte.

Legado

O secretário-adjunto do Esporte do Ministério da Cidadania, Marco Aurélio Souto de Araújo, defendeu o investimento feito para receber as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, e a Copa do Mundo de 2014. Ele citou que críticas semelhantes foram feitas à época da construção do Estádio Mário Filho, o Maracanã — hoje um grande cartão-postal do país. Para Araújo, receber os dois eventos nos últimos anos elevou o país de participante para o status de protagonista no esporte mundial.

— Os estádios, muitas vezes chamados de elefantes-brancos, são um legado do qual o poder público precisa cuidar, em conjunto com a sociedade.

Ele citou arenas que, em sua opinião, estão sendo bem administradas, como as de Cuiabá e Salvador (Fonte Nova). E disse que o alto desempenho no esporte não é o único foco.

— Precisamos investir no esporte educacional, de participação, de lazer, de inclusão. O esporte como ferramenta social também é muito importante. Por isso nós estamos atentos a todos esses tipos. O Brasil tem uma população alegre, com vocação para o esporte.

Ex-medalhista de vôlei de praia, Emanuel Fernando Scheffer Rêgo, hoje secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento, lembrou que o Brasil tem 30 medalhas olímpicas de ouro, 36 de prata e 62 de bronze.

Na opinião dele, o Brasil tem melhorado no preparo dos atletas, razão pela qual o índice de medalhas aumenta a cada Olimpíada — sendo a de 2016, no Rio, a de melhor rendimento já registrado (foram 19 medalhas, sendo 7 de ouro, 5 de prata e 6 de bronze).

— Desses 19 medalhistas, 18 tinham a bolsa-atleta — explicou, ao defender a continuidade do investimento, que hoje apoia anualmente 6,2 mil atletas e deve chegar a 7,4 mil no ano que vem.

Além de mais medalhas, o Brasil vem aumentando o número de modalidades disputadas. Em 2012, eram 9 modalidades; em 2016, foram 12, segundo o Comitê Olímpico do Brasil (COB), representado na audiência pelo presidente da entidade, Paulo Teixeira, e pelo seu diretor-geral, o ex-judoca e medalhista olímpico Rogerio Sampaio.

— O esporte no Brasil tem a capacidade de reduzir a desigualdade social. Pessoas que enfrentam a pobreza encontram no esporte uma bolsa de estudo ou o reconhecimento profissional — destacou Sampaio.

Investimento reduzido

Na segunda-feira (22), Leila e outros senadores alteraram com uma emenda a previsão do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA 2020) para o esporte de alta performance. A preparação de atletas e a capacitação de recursos humanos para o esporte de alto rendimento deve receber R$ 150 milhões até as Olimpíadas de Tóquio (em julho de 2020), por sugestão de Leila apoiada pelos senadores Dário Berger (MDB-SC), Kátia Abreu (PDT-TO) e Irajá (PSD-TO).

Na reunião da CE, Leila disse que o orçamento para o Ministério dos Esportes (que em 2019 foi incorporado pelo Ministério da Cidadania) foi o que mais perdeu nos últimos anos. Na área de esporte e lazer, disse Leila, ele foi de R$ 1,5 bilhão em 2016 para R$ 220 milhões em 2020.

— O orçamento está 85,4% menor e os atletas já estão no último momento de preparação para as Olimpíadas. O financiamento vem pelo COB, pelo governo e por bolsas. Certamente o ministério terá de fazer um planejamento pensando em medalhas, mas o fato é que terão de ser priorizados alguns atletas e não vamos atingir a totalidade da delegação — lamentou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)