Crise no Equador preocupa Parlasul, que rejeita reduzir garantias constitucionais

Da Redação | 14/10/2019, 20h04

Um dos principais assuntos em debate na sessão do Parlamento do Mercosul (Parlasul) realizada em Montevidéu, capital do Uruguai, nesta segunda-feira (14), foi a crise política e econômica do Equador, segundo a Comunicação do Parlamento do Mercosul. Na declaração aprovada pelo Parlasul, está expressa preocupação com a aplicação de políticas de ajuste por parte do governo equatoriano, exigidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Para o colegiado, as medidas têm impacto negativo sobre o povo do Equador. Entre os ajustes estão o aumento do preço dos combustíveis e a liberalização econômica em vários setores da produção nacional.

O Parlasul rejeitou a aplicação do estado de exceção e a redução das garantias constitucionais, além de condenar a posição da Organização dos Estados Americanos (OEA), que criminalizou o protesto social dos movimentos indígenas no Equador. O texto aprovado apela ao diálogo entre as partes, assim como proposto pela Conferência Episcopal do Equador e pelo sistema das Nações Unidas com sede no país, e enfatiza que a solução para a crise deve ser resolvida no âmbito da Constituição equatoriana.

O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que a crise é resultado das políticas econômicas antipopulares e antinacionais. Destacou ainda que o presidente do Equador, Lenín Moreno, só foi eleito por sua aliança política com o ex-presidente Rafael Correia, e que na primeira oportunidade traiu sua confiança.

— O decreto começa com a suspensão dos subsídios aos combustíveis, gerando um aumento de 123% nos produtos comercializados em termos de combustíveis naquele país, que também se é acompanhado por uma reforma trabalhista que retira inúmeros direitos dos trabalhadores do setor privado, mas especialmente do setor público — disse.

Fake News

Em apresentação ao parlamentares do Parlasul, Humberto Costa denunciou as ações criminosas dos produtores de notícias falsas, as chamadas fake news. E chamou a atenção para a relevância do problema, considerando as próximas eleições que acontecerão no Uruguai, na Bolívia e na Argentina.

O senador afirmou que noticias falsas são usadas para favorecer a extrema direita. Segundo Humberto, o atual presidente Jair Bolsonaro foi favorecido pelas fake news para ser eleito.

— Não é apenas nos períodos eleitorais. Essas redes de falsidades e de mentiras continuam funcionando para cercar o Congresso Nacional, para cercar o Supremo Tribunal Federal e para continuar derrubando reputações. Seja de políticos, de pessoas da área das artes e de instituições. Fica aqui a nossa denúncia. Nossa expectativa de que muito breve possamos comprovar a vinculação entre a extrema direita bolsonarista e as notícias falsas que são divulgadas no Brasil — disse o parlamentar.

Outros temas

Integrante da comitiva do Senado em Montevidéu, o senador Telmário Mota (PROS-RR) destacou que os parlamentares discutiram também temas como meio ambiente, infraestrutura regional, e assistência humanitária e social nas localidades afetadas por inundações.

Além dos senadores Humberto Costa e Telmário Mota, estiveram na reunião os deputados Odair Cunha (PT-MG), Celso Russomanno (Republicanos-SP), Zeca Dirceu (PT-PR), Coronel Armando (PSL-SC), Paulão (PT-AL) e Carlo Gomes (Republicanos-RS).

De Maria Helena, sob supervisão de Paola Lima

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)