Turquia é aberta para investimentos brasileiros, aponta diplomata na CRE

Da Redação | 10/10/2019, 15h37

O mercado turco conta com uma presença marcante de empresas brasileiras, e essa atuação pode ser incrementada nos próximos anos. A avaliação é do diplomata Carlos Ceglia, que passou por sabatina na Comissão de Relações Exteriores (CRE) nesta quinta-feira (10). O nome dele foi aprovado para a chefia da embaixada brasileira em Ancara, capital da Turquia.

— Já há uma capilaridade muito boa de empresas brasileiras lá. Metalfrio, Votorantim, Cutrale, BRF, Ambev, Antarctica, Nitro Química e Elekeiroz, entre outras, já são responsáveis por um estoque de investimentos que passou de U$ 1,2 bilhão [quase R$ 5 bilhões] — revelou.

Outra vantagem para o Brasil nas relações com a Turquia são os superavits comerciais estruturais. Entre 2016 e 2018, as trocas bilaterais saltaram de U$ 2,2 bilhões para U$ 3 bilhões, e o superávit brasileiro chegou a U$ 2,3 bilhões no ano passado.

O domínio de Erdogan

Carlos Ceglia ainda destacou o domínio do cenário político turco pelo presidente Recep Erdogan. Ele assumiu o cargo de primeiro-ministro em 2003 e mantém-se na chefia de Estado deste então.

— Seu domínio está diretamente ligado às taxas de crescimento do PIB. Desde 2003, o país cresce a uma média de 5,8% ao ano. O plano da Turquia é tornar-se uma das dez maiores economias do mundo até 2023. Hoje ocupa a 17ª colocação. Erdogan mudou a Turquia para melhor e modernizou o país, mesmo seus críticos mais ferrenhos reconhecem. O país é marcado hoje por ótimas estradas, trens-balas, enormes viadutos, túneis rodoviários e ferroviários sob mares, excelente infra-estrutura turística, aeroportos, universidades, hospitais e portos sofisticados e modernos, e shopping centers espalhados pelo país — descreveu.

A despeito deste cenário nos últimos anos, a oposição a Erdogan tem se fortalecido. Nas eleições municipais do ano passado, venceu em 5 das 6 maiores cidades, incluindo Istambul e Ancara. Como informou Ceglia, o crescimento da oposição está ligado à crise de desvalorização da lira turca (a moeda do país), que atinge a economia desde 2018. A crise fez aumentar os índices inflacionários, afetou o crescimento do PIB e tem levado à dolarização de alguns setores da economia. Aspectos ligados a posturas interpretadas como autoritárias do atual regime e à enorme presença de refugiados sírios também tem causado desgastes a Erdogan, finalizou o diplomata.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)