Eslováquia pode atrapalhar fechamento do acordo Mercosul-UE, revela diplomata

Da Redação | 10/10/2019, 14h35

A Eslováquia elegeu recentemente a ativista ambiental Zuzana Caputova para a presidência da República, e o recente aumento das queimadas na Amazônia pode fazer com que o país vete a assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE). Este foi o destaque da sabatina do diplomata Eduardo Gradilone na Comissão de Relações Exteriores (CRE) nesta quinta-feira (10), quando teve seu nome aprovado para a chefia da embaixada do Brasil na nação do leste europeu.

— Caputova é a ativista política mais popular da Eslováquia e é marcada por uma forte postura ambientalista. Ela assumiu a presidência em junho, e já temos sentido cobranças. Isso pode repercutir, sim, na ratificação do país ao acordo Mercosul-UE. Outra coisa que repercutiu muito lá foi a operação Carne Fraca [da Polícia Federal, que investiga fraudes na indústria da proteína animal], que até hoje exige esforços da nossa embaixada buscando reverter prejuízos nas exportações. O cenário é desafiador, porque a presidente Caputova já disse que vai criar problemas devido à política ambiental brasileira — disse Gradilone.

País pode vetar

A posição da Eslováquia em relação ao fechamento do acordo Mercosul-UE é importante, pois as regras europeias determinam que um acordo só pode ser fechado se tiver o apoio de todos os 28 países que formam o bloco.

Para Gradilone, cabe agora à representação brasileira em Bratislava (a capital do país) levar esclarecimentos às autoridades eslovacas sobre a "real situação do Brasil" no que se refere à suas estratégias ambientais. Um ponto que conta a favor da ratificação do acordo Mercosul-UE é que 244 empresas da Eslováquia hoje exportam produtos para os quatro países do Mercosul. No total, 5 mil empregos diretos na Eslováquia estão ligados às exportações ao Mercosul, se somados a empresas de outros países lá instaladas que também exportam.

Outra divergência entre Brasil e Eslováquia é em relação à posição sobre a Venezuela. Isso porque a nação europeia apoia o governo de Nicolas Maduro, o que também estabelece "um quadro desafiador", segundo Gradilone.

Eslováquia pujante

Em relação à economia, o país do leste europeu apresenta um quadro "pujante, com altas taxas de crescimento", nas palavras do diplomata. A Eslováquia atrai muitos investimentos internacionais, e os índices de qualidade de vida e de nível educacional "são muito bons", finalizou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)