Senado celebra Independência do Brasil e dá início à Comissão do Bicentenário

Da Redação | 05/09/2019, 14h10

Em sessão especial nesta quinta-feira (5), senadores e convidados comemoraram os 197 anos da Independência do Brasil, celebrada em 7 de setembro. A sessão também serviu para a leitura do ato de constituição da Comissão Curadora do Bicentenário da Independência em 2022 e inauguração dos trabalhos. A sessão foi conduzida pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que presidirá a comissão.

Também farão parte da Comissão Curadora os senadores Jean Paul Prates (PT-RN), Rodrigo Cunha (PSDB-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), assim como a historiadora Heloisa Starling, o jornalista Eduardo Bueno, a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, e a vice-presidente do Conselho Editorial do Senado, Esther Bemerguy de Albuquerque.

Iniciada com a execução do Hino Nacional e encerrada com o Hino da Independência, pela banda do Batalhão de Polícia do Exército de Brasília, a sessão contou com a fala de todos os membros da comissão do Senado e também pronunciamentos de deputados da comissão curadora da Câmara. Todos louvaram a iniciativa de celebrar a história para pensar não apenas no passado, mas no futuro do Brasil.

O deputado Enrico Misasi (PV-SP), que preside a Comissão Curadora do Bicentenário da Independência na Câmara dos Deputados, afirmou que é importante conhecer a história do Brasil, pois o desconhecimento tem consequências sociais, políticas e culturais. Ele ressaltou que a Câmara já fez publicações desde o ano passado com essa finalidade.

— Essa comissão, que existe desde a legislatura passada e tem sido incentivada pelo deputado Rodrigo Maia, já fez algumas publicações de bastante sucesso. A gente publicou em 2017 sobre a imperatriz Leopoldina; em 2018, sobre D. João VI, e em 2019 publicamos um livro escrito pelo professor José Theodoro [José Theodoro Mascarenhas Menck]  sobre os 200 anos do retorno de José Bonifácio, e estamos fazendo comemorações que vão culminar em 2022 com a comemoração do Bicentenário da Independência — contou.

O senador Rodrigo Pacheco afirmou que o grito de D. Pedro I às margens do Ipiranga continua representando o desejo de muitos brasileiros:

— O grito “Independência ou morte”, às margens do Rio Ipiranga, no dia 7 de setembro de 1822, continua representando o sentimento de muitos brasileiros, que almejam e lutam por um país melhor, por um país mais justo. Uma nação em que todos tenham os direitos e garantias constitucionais assegurados.

Segundo o senador Rodrigo Cunha, a renovação do Senado em 2019 mostra que a sociedade quer revisar o papel da cada instituição. Para ele, hoje a classe média está mais presente na Casa revisora.

— Se, num primeiro momento histórico, o Senado fora formado por uma elite, não só política, como também do clero e da magistratura, hoje sentimos muito mais a presença da grande massa da classe média, que Darcy Ribeiro também analisou. Espero que possamos, nesta comissão, recordar os importantes marcos históricos com que o Senado contribuiu para a sociedade brasileira em seus 200 anos de história — afirmou.

História pouco conhecida

Para a historiadora Heloisa Starling, celebrar os 200 anos da Independência é uma oportunidade para pensar a história do país, que é muito bonita e muito pouco conhecida. Ela afirmou que as comemorações podem ajudar a pensar no que o Brasil pode fazer hoje e no futuro.

— Vejam que temos uma história muito bonita. É uma história de liberdade. É uma história que nos ensina sobre a soberania do Brasil e sobre o nosso desejo de liberdade. Essa história não vai se repetir. Mas nós podemos conhecê-la melhor para pensar sobre o que nós estamos fazendo hoje. E pode nos ajudar também a pensar sobre um Brasil que, indubitavelmente, precisa ser melhor do que o Brasil que nós temos hoje — disse.

O jornalista Eduardo Bueno alertou para o fato de que hoje os brasileiros leem pouco ou nada. Ele afirmou que a Comissão Curadora tem o dever de fazer algo maior do que o que foi feito no centenário da Independência, em 1922, e defendeu a publicação de livros.

— Então chegamos agora aos 200 anos com uma obrigação muito grande de fazermos algo ainda superior. E esta comissão, que possamos fazê-la também em torno de livros. Não só de livros, mas livros são fundamentais.

Olhar para o futuro

Resgatar os 200 anos da Independência não é olhar para trás, mas para o futuro, afirmou a diretora-geral do Senado.

— É olhar para a frente, porque quem não sabe de onde veio, não sabe para onde vai, e quem não aprendeu com as experiências cometerá os mesmos erros e enganos — refletiu Ilana, dizendo sentir-se muito honrada em participar da comissão.

A secretária da Comissão Curadora, Esther Bemerguy, afirmou que espera contar com a colaboração da comissão da Câmara para juntas fazerem um trabalho maior na celebração do Bicentenário da Independência.

Também discursou na sessão o deputado Lafayette Andrada, descendente do patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva. Ele fez um breve relato desse momento histórico do país, lembrando que a independência se deu, principalmente, porque os portugueses, com o retorno da família real a Lisboa, queriam que o Brasil se tornasse novamente colônia.

— Eles quiseram retornar o Brasil à posição de colônia, que era anterior à chegada da família real. Isso aí foi o nó górdio, isso foi o ponto decisivo em que se instalou o processo de independência, porque a ideia inicial dos brasileiros (e falo aqui do José Bonifácio, patriarca da Independência) era manter em pé de igualdade, era manter o reino unido, Brasil e Portugal — contou.

Para Randolfe, a Independência do Brasil vem de um sentimento de liberdade presente em todos os seres humanos. Ele disse que a ideia é que a Comissão Curadora do Bicentenário possa ser viva e contar uma história viva do Brasil.

— A história que temos que contar tem que ser viva, como é o povo brasileiro, trazendo historiadores para cá, contando a história de pessoas e de revoluções que nos forjaram, contando a história mais do que datas, fatos, personagens, heróis, mas contando a história desse povo contente que atropela indiferente todos aqueles que negam a história belíssima desta nação apaixonada de que tanto nos orgulhamos — afirmou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)