CRE e CMA voltam a debater influência do homem sobre o aquecimento global

Da Redação | 29/05/2019, 16h54

Está marcada para esta quinta-feira (30), a partir das 10h, a segunda audiência pública conjunta das comissões de Relações Exteriores (CRE) e de Meio Ambiente (CMA) sobre as mudanças climáticas.

Na terça-feira as comissões ouviram, por sugestão do senador Márcio Bittar (MDB-AC), o climatologista Luiz Carlos Molion, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e o meteorologista Ricardo Felício, da Universidade de São Paulo (USP), ambos opositores da tese predominante na comunidade científica internacional, de que as atividades humanas são as principais responsáveis pelo aumento da temperatura média verificada no planeta nos anos recentes.

Para a segunda audiência, foram chamados cientistas que concordam com as conclusões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) responsável pelas principais pesquisas relacionando ao aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2), o gás acusado de acelerar o aquecimento global, com a poluição atmosférica causada pelo homem, principalmente da queima de combustíveis fósseis (carvão e petróleo). São eles o climatologista Carlos Nobre, o astrogeofísico Luiz Gylvan Meira, o físico Paulo Artaxo, o biólogo e ecólogo Gustavo Luedemann e a geobotânica e bióloga Mercedes Bustamante.

A lista de convidados atende a um pedido do presidente da CMA, senador Fabiano Contarato (Rede-ES). Quando da análise de seu requerimento na CRE, no dia 4 de abril, ele admitiu a intenção de fazer um contraponto às participações de Molion e Felício.

— Esses dois são pesquisadores cuja linha investigativa aponta para a existência de manipulação e falsificação nos dados e resultados de pesquisas, e colocam em xeque o trabalho de muitos estudiosos vinculados a pesquisas sobre mudanças climáticas e aquecimento global. Defendo que não ouçamos apenas defensores dessa mesma linha de pesquisa. Por respeito ao contraditório sugiro a participação de outros cientistas, com vasta experiência e cujas pesquisas vão na linha contrária à de Molion e Felício — afirmou Contarato na ocasião.

Quem são os cientistas

Carlos Nobre é doutor em Meteorologia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), membro da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos e da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Também atua no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), na USP e é membro da Comissão de Ciências Ambientais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ainda é engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Sua participação também atende a um pedido da senadora Soraya Thronicke (PSL-MT).

— É o climatólogo brasileiro de maior renome internacional, um dos poucos pesquisadores estrangeiros aceitos pela academia de ciências norte-americana. Seu trabalho tem foco na dimensão biofísica das mudanças climáticas e o impacto no processo de savanização da Amazônia — afirmou a senadora.

Luiz Gylvan Meira é vice-presidente do IPCC, e atuou diretamente nas negociações tratando das metas brasileiras acertadas no âmbito do Acordo de Paris, de 2015. Doutor em astrogeofísica pela Universidade do Colorado (EUA), é pesquisador visitante do Instituto de Estudos Avançados da USP.

Paulo Artaxo é doutor em Física Atmosférica pela USP, onde também atua como pesquisador e professor. Também colabora junto ao IPCC e ao Inpe.

Gustavo Luedemann é doutor em Ecofisiologia Vegetal pela Universidade Técnica de Munique (Alemanha) e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Já Mercedes Bustamante é doutora em Geobotânica pela Universidade de Trier (Alemanha) e professora da Universidade de Brasília (UnB).

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