Número de brasileiros pedindo cidadania italiana só aumenta, informa diplomata

Da Redação | 22/05/2019, 17h02

Somente em 2018, cerca de 265 mil brasileiros entraram com pedidos formais junto a repartições italianas no Brasil, solicitando o reconhecimento da dupla cidadania. A informação foi passada pelo diplomata Hélio Vitor Ramos Filho durante sabatina na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), nesta quarta-feira (22), quando teve seu nome aprovado para a chefia da embaixada brasileira na nação europeia.

— Esta é uma tendência que tem demonstrado um crescimento significativo. Cerca de 265 mil pedidos de reconhecimento de dupla cidadania é um número de fato muito expressivo. O próprio embaixador da Itália no Brasil, Antonio Bernardini, tem vocalizado sua angústia de que a chancelaria italiana simplesmente não tem mais estrutura material e administrativa para atender a tamanho número de pedidos. O processo, portanto, tem sido muito lento no atendimento a eles —informou.

Aumento das exportações

Ramos disse que um dos focos prioritários de sua agenda em Roma, em caso da aprovação de seu nome pelo Plenário do Senado, se dará na recuperação das exportações brasileiras para a Itália. No ano passado, este montante atingiu U$ 3,5 bilhões, mas já foi de U$ 4,6 bilhões em 2012. Desde 2008, a relação bilateral é deficitária para o Brasil. Isto se dá, em parte, porque as importações brasileiras possuem uma participação expressiva de maquinários e outros itens industriais, enquanto as exportações são focadas só em produtos primários.

— Vem sendo estudada por exemplo a aquisição dos cargueiros KC-390 por parte da Itália, este é um flanco potencial visando incrementar nossa pauta de exportações — disse.

O diplomata destacou a grande participação de empresas italianas no mercado brasileiro. Hoje mais de 1,2 mil companhias daquele país estão instaladas no Brasil, onde empregam mais de 150 mil pessoas.

— Os investimentos mais relevantes estão no setor imobiliário, telefonia, energia elétrica, comércio atacadista de alimentos, fabricação de máquinas e equipamentos, peças e acessórios de automóveis. Por outro lado, cerca de 20 empresas brasileiras de grande porte estão na Itália — informou.

Para Ramos, o destaque hoje das inversões italianas no Brasil, encontram-se no setor energético. A Enel (empresa italiana que atua na geração e distribuição de energia elétrica) já é a maior distribuidora localizada no país, depois de assumir o controle da Eletropaulo no ano passado. A companhia tem planos de investir € 750 milhões até 2021.

— A Enel já é também a líder na geração de energia renovável aqui, com 2.9 gigawatts em operação, e 1 gigawatt em construção. Também já é a maior na energia fotovoltaica, a maior planta de energia solar da América Latina fica na Gurgeia (Piauí), é um investimento de U$ 1,4 bilhão.

Os planos da Enel também deve tornar a empresa a líder do setor de energia eólica no mercado latino-americano até 2021, caso os investimentos no Nordeste sejam mantidos. A companhia ainda controla as empresas de distribuição de energia no Rio de janeiro (Cerj), Goiás (Celg) e Ceará (Enel Distribuição Ceará).

Por fim, foi destacado por Ramos o forte turismo italiano em cidades brasileiras. No ano passado, mais de 170 mil italianos visitaram o Brasil.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)