Senado enviará voto de solidariedade ao general Villas Bôas

Da Redação | 07/05/2019, 19h43

O Senado vai enviar voto de solidariedade ao general Eduardo Villas Bôas, apoiado por vários senadores nesta terça-feira (7). O requerimento para o envio do voto foi apresentado pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM) no início da sessão, em repúdio às declarações feitas contra o general por Olavo de Carvalho nas redes sociais, que fez referências negativas ao estado de saúde do ex-comandante do Exército, que sofre de uma doença degenerativa.

Antes de anunciar a abertura da Ordem do Dia, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, subscreveu o requerimento e afirmou que a iniciativa expressa a vontade do Senado. Para Davi, foram agredidos o Exército brasileiro e o Brasil.

Davi Alcolumbre contou que pela manhã desta terça (7) esteve pessoalmente com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, para prestar solidariedade.

— Acredito que nós precisamos de pessoas de bem que ajudam o Brasil aqui no Estado nacional, na nossa Federação, como é o caso do General Villas Boas que está aqui trabalhando com toda a dificuldade, está lá no Palácio do Planalto ajudando o ministro general Heleno a construir a nossa grande nação — declarou.

Agressão

Senadores de diversos partidos repudiaram o que consideram uma agressão ao general. No início da sessão, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Lasier Martins (Pode-RS) e Jorge Kajuru (PSD-GO), já tinham se manifestado.

O senador Jaques Wagner (PT-BA) considerou cruel e covarde a agressão de Olavo de Carvalho ao referir-se a um cidadão que sofre de uma doença auto-imune, que depende de balão de oxigênio para respirar. Villas Bôas sofre de esclerose lateral amiotrófica e apesar da sua condição física exerce o cargo de assessor especial no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) lamentou que apesar de há até pouco tempo ser um desconhecido, Olavo de Carvalho tenha ganhado relevância no país.

— Mora há anos fora do país e tem uma estranhíssima relevância neste momento, a ponto de nós aqui no Senado hoje, em vez de estarmos discutindo a questão da Previdência, a questão do desemprego, a questão do saneamento, tantas questões importantíssimas, a reforma fiscal, estamos discutindo sobre essa figura, que faz um ataque no mais baixo calão já usado, que eu tenha ouvido, nesta República, de uma maneira completamente desqualificada, em cima de uma das maiores, se não for atualmente a maior liderança das Forças Armadas brasileiras. É absolutamente inaceitável!

Já a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) disse que ficou perplexa porque, segundo ela, o que se vê nas redes sociais é um embate focado, de uma forma rasteira, com palavras impronunciáveis e criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro diante do episódio.

— A forma baixa, a forma rasteira como se coloca evidencia isso de forma clara, e o que é tão grave quanto a isso é a ação inerte do Presidente da República! Ele é o líder, ele tem que assumir uma posição de comando e frear ações dessa natureza. Pessoas que já tiveram e têm um amplo serviço prestado à nação brasileira não podem ser submetidos a situação dessa natureza e endossados por representantes do Poder Público. Isso é muito grave!

O senador Major Olímpio (PSL-SP) também pediu qualidade no debate e destacou a colaboração do general Villas Bôas ao governo federal.

— Não é com ofensas, não é com palavras chulas que se pode fazer um debate legítimo dentro do campo da democracia e, principalmente, com palavras dessa ordem ao general Villas Bôas, que, acometido de grave doença que lhe impõe várias sequelas, ainda acorda todos os dias com a disposição de um cadete com 15 anos de idade.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) reclamou que uma única pessoa desestabiliza o governo e o Brasil e pediu ao presidente da República que auxilie o Senado na tarefa de resolver os problemas do Brasil.

— Nos ajude, senhor presidente, a ajudá-lo a construir um outro país. Mas dessa forma não dá. Nós estamos aqui paralisados porque Vossa Excelência não disse quem manda no Executivo. É óbvio que nós temos vários núcleos, é importante que se tenha um núcleo miliar, núcleo político, núcleo econômico, todos são fundamentais. Mas capitão no imaginário da população brasileira vale mais do que general. Capitão é quem manda e é preciso que o capitão Jair Bolsonaro determine junto à sua equipe democraticamente o que é melhor para o país e mande os projetos prioritários para o país.

Também se manifestaram em solidariedade ao general Villas Boas os senadores Luis Carlos Heinze (PP-RS), que falou ainda em nome do senador Paulo Paim (PT-RS); Eduardo Braga (MDB-AM); Kátia Abreu (PDT-TO); Otto Alencar (PSD-BA); Esperidião Amin (PP-SC); Omar Aziz (PSD-AM); Humberto Costa (PT-PE); Carlos Viana (PSD-MG); e Wellington Fagundes (PR-MT).

O voto de solidariedade não precisa ser aprovado pelo plenário. Basta receber lido em plenário para ser remetido após a coleta das assinaturas.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)