Possibilidade de o Brasil sair do Mercosul é criticada na CRE

Da Redação | 21/11/2018, 14h30

A declaração da deputada Teresa Cristina (DEM-MS), indicada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para o Ministério da Agricultura, de que o Brasil poderá sair do Mercosul "caso o bloco continue sendo desvantajoso", foi fortemente criticada durante reunião nesta quarta-feira (21) na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). A declaração da deputada foi publicada hoje pelo jornal O Globo.

O presidente da CRE, Fernando Collor (PTC-AL), lembrou que nos últimos 10 anos o Brasil teve um superávit de U$ 87,6 bilhões com os países que fazem parte do Mercosul. O valor é bem superior ao verificado no mesmo período com a China ou com a União Europeia. O senador também lembrou que com os EUA, nos últimos 10 anos, o Brasil apresentou déficit na sua balança comercial.

— Será que um superávit próximo a U$ 90 bilhões é algo desvantajoso para o Brasil? Nestes mesmos 10 anos, o superávit com a China foi de U$ 74 bilhões, e com a União Europeia, de U$ 22,4 bilhões. Já com os EUA, tivemos um déficit de U$ 44,6 bilhões. Encaminharei este meu pronunciamento à futura ministra para que ela possa, no meu entender, rever sua posição em relação ao Mercosul — disse Collor.

Preocupação

Collor deixou claro que vê com "preocupação" a declaração da futura ministra, pois avalia que o direcionamento mais pragmático dado ao bloco nos últimos anos o tem fortalecido e beneficiado também o Brasil. Lembrou que somente no ano passado, foram fechados acordos de contratações públicas e de facilitação de investimentos que potencializam ainda mais a possibilidade de negócios de empresas brasileiras na Argentina, no Uruguai e no Paraguai.

A senadora Ana Amelia (PP-RS) também criticou o posicionamento de Teresa Cristina, acrescentando que o Brasil apresenta um superávit por volta de U$ 8,5 bilhões com a Argentina. Ela também defende que o Mercosul apresenta-se como o fórum mais apropriado para a resolução de conflitos e disputas comerciais relativas ao agronegócio, no que se refere ao acesso ao mercado brasileiro.

— Vou até mais além, acredito que os quatro países deveriam trabalhar na consolidação de uma marca Mercosul voltada para outros mercados ao redor do mundo, que estão se abrindo. Isto beneficiaria os produtores dos quatro países, a partir de uma estratégia comercial mais agressiva — concluiu a senadora.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)