Senado terá nove estreantes na política e retorno de senadores experientes

Da Redação | 09/10/2018, 09h16

Após a eleição com maior renovação da sua história, o Senado terá em sua nova legislatura, em 2019, nove estreantes na política. O total de novos senadores que jamais haviam disputado uma eleição é maior do que quase todas as bancadas partidárias na nova composição.

Além disso, o pleito de 2018 garantiu ao Senado um número expressivo de senadores eleitos ligados à área da segurança, como policiais e militares. Marcada pela influência da Operação Lava-Jato e por demandas na área, a eleição trouxe para a Casa sete novos senadores ligados ao setor. Caso eles compusessem um único partido, seriam a terceira maior bancada do Senado.

Curiosamente, a intersecção entre esses grupos é grande: cinco dos integrantes são também iniciantes em cargos eletivos.

Novatos

Composto por nove nomes, o grupo de futuros senadores que está estreando na política superará em 2019 a segunda maior bancada partidária do Senado (PSDB, com 8).

A onda dos novatos contribuiu para o crescimento de algumas das legendas que terão aumentos robustos de representação na Casa a partir de fevereiro do próximo ano. É o caso da Rede, a legenda que mais trouxe novatos para o Senado: Fabiano Contarato (ES), Capitão Styvenson (RN) e Alessandro Vieira (SE) são membros do partido. Com a ajuda deles, o partido subirá de um para cinco membros.

O PSL, que não tinha senadores e agora terá quatro, trouxe duas senadoras: Soraya Thronicke (MS) e Selma Arruda (MT). O Podemos cresceu principalmente com a adesão de senadores já atuantes, mas também terá o seu novato: o professor Oriovisto Guimarães (PR).

Os demais novatos se distribuem entre legendas de menor presença no Senado. O empresário Eduardo Girão (Pros-CE) será o único representante do seu partido. Marcos do Val (PPS-ES) e Carlos Viana (PHS-MG) integrarão bancadas que terão apenas dois senadores.

Justiça

Vários desses novatos compõem também uma expressiva bancada informal ligada a categorias do Judiciário e da segurança púbica que atuará no Senado a partir de 2019. São candidatos que se elegeram, em grande medida, a partir de atuações e discursos a favor da moralização da política e da redução da criminalidade.

Fabiano Contarato e Alessandro Vieira são delegados da Polícia Civil em seus estados. Contarato atuou na divisão de delitos de trânsito e foi corregedor-geral do Espírito Santo. Vieira foi coordenador de diversas áreas da polícia de Sergipe, como homicídios e crimes cibernéticos, e chegou a delegado-geral do estado.

Selma Arruda é juíza aposentada do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e se notabilizou por atuar em investigações que se debruçaram sobre esquemas de corrupção no interior do governo do estado. As ações levaram vários políticos locais à prisão, como o ex-governador Silval Barbosa e o ex-presidente da Assembleia Legislativa José Geraldo Riva.

Styvenson Valentim é capitão da Polícia Militar do Rio Grande do Norte e ganhou fama como comandante das blitzes da Lei Seca no estado. Outro policial militar que virá para o Senado é Sérgio Olímpio Gomes, o Major Olímpio (PSL-SP), eleito pelo estado de São Paulo. Já aposentado, ele foi membro e oficial da corporação por quase 30 anos.

Marcos do Val, militar da reserva e consultor em segurança pública e Soraya Thronicke, advogada que patrocinou ações judiciais em Mato Grosso do Sul contra empresas e pessoas implicadas na Operação Lava-Jato, têm trajetórias que os aproximam da área.

Outros campos de atuação

O pleito de 2018 também marcou a formação de outros pequenos grupos setoriais dentro do Senado. Quatro candidatos ligados ao agronegócio, por exemplo, foram eleitos: Márcio Bittar (MDB-AC), Jayme Campos (DEM-MT), Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Irajá Abreu (PSD-TO). Heinze, que é deputado federal, chegou a ser presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária.

Jorge Kajuru (PRP-GO) e Carlos Viana (PHS-MG) são jornalistas e apresentadores de televisão com longa carreira. Marcos Rogério (DEM-RO) foi radialista e repórter de TV, e Plínio Valério (PSDB-AM) também trabalhou no rádio. Já Eliziane Gama (PPS-MA) é formada em Jornalismo, mas não se projetou na área.

Experientes

A alta taxa de renovação no Senado se refere ao grande número de parlamentares que não se reelegeram. No entanto, alguns ex-senadores, que não ocupam cadeiras hoje, conseguiram retornar à Casa.

Eram 15 as candidaturas de ex-senadores que tentaram uma nova passagem pelo Senado, mas apenas quatro foram bem-sucedidas. Entre os eleitos, Esperidião Amin (PP-SC) foi o único que conseguiu ser o mais votado em seu estado. Ele também é o que estava há mais tempo longe do Senado: seu mandato se encerrou em 1999.

Jayme Campos (DEM-MT) e Jarbas Vasconcelos (MDB-PE), por outro lado, deixaram a Casa em 2015. Jarbas era deputado federal, enquanto Campos ocupava a Secretaria de Assuntos Estratégicos do município de Várzea Grande (MT).

O quarto ex-senador que volta é Flávio Arns (Rede-PR), que cumpriu mandato entre 2003 e 2011.

O Senado ainda teve a eleição de três parentes de senadores. É o caso de Irajá Abreu, filho da senadora Kátia Abreu (PDT-TO). Ao exercerem mandatos simultaneamente, os dois repetirão no Plenário a dobradinha inaugurada por José Sarney e Roseana Sarney entre 2003 e 2009.

Outro eleito foi Veneziano Vital do Rêgo, irmão do ex-senador Vital do Rêgo, que ocupou cadeira no Senado entre 2011 e 2014, antes de ser nomeado ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).

Já Zenaide Maia (PHS-RN) é prima do senador José Agripino (DEM-RN). Os dois, no entanto, não se encontrarão no Senado, pois Agripino abriu mão de disputar a reeleição em 2018 e não estará de volta no próximo ano.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)