Grupo com deficiência visual visita exposição do Senado sobre a abolição da escravatura

Da Redação | 03/09/2018, 17h03

O Museu do Senado recebeu pela primeira vez um grupo de pessoas com deficiência visual para visitação de uma exposição. O grupo, que faz parte do Instituto Blind Brasil, visitou a exposição Os 130 Anos da Abolição da Escravatura e as Discussões no Senado na última quarta-feira (29), para aprender mais sobre o assunto e avaliar a preparação dos guias e curadores na recepção de pessoas cegas ou com baixa visão.

A ideia surgiu de iniciativa dos servidores e estagiários do Serviço de Museu do Senado, que, com o apoio do Serviço de Impressão em Braile, fizeram a preparação do material para a exposição, fornecendo um livreto e descrições das obras em braile. Os bustos de personalidades históricas expostos ficaram disponíveis ao toque dos visitantes, que dessa forma conseguiram ter mais clareza de como era o rosto e a vestimenta das figuras representadas.

Os responsáveis pela visitação, as servidoras Inês de Sampaio Pacheco e Heine Oliveira Lima Gomes, além do estagiário Mateus Ken de Menezes, tiveram a responsabilidade de apresentar de forma a mais descritiva possível a exposição. Inês Pacheco destaca que, na preparação para a exposição, houve a preocupação de apresentar tudo nos mínimos detalhes. Ela disse ter percebido  que o mais importante é ser indicativo e, por meio da acessibilidade, dar o máximo de autonomia para a pessoa com deficiência visual.

— No primeiro dia, eu li tudo no painel para eles, mas percebi que ser indicativa é mais importante, pois dessa forma eles podem acompanhar a exposição pelo livreto e usar de sua autonomia. Agora, em relação as imagens, a descrição da aparência física, vestimenta e coloração da imagem é fundamental para compreensão dos visitantes — observa.

Menezes, que é aluno de Museologia na Universidade de Brasília (UnB), já vem se preparando há algum tempo com treinamentos, cursos e palestras para proporcionar acessibilidade para pessoas com deficiências em exposições e museus. A partir do feedback que eles receberem durantes essas visitas de treinamento, o material será melhorado, sempre com o intuito de proporcionar uma experiência agradável ao visitante.

Entre os visitantes da exposição, estava Charles Jatobá Queiroz Santana, servidor público que trabalha na revisão de textos em braile na Secretaria de Educação do Distrito Federal, além de ser representante do Instituto Blind Brasil. Aos 2 anos de idade, ele perdeu parte da visão por causa de sarampo e aos 21 perdeu toda visão em decorrência de um glaucoma.

Ele destacou a exposição como foi riquíssima no conteúdo.

— As estátuas disponíveis ao toque e a televisão com conteúdo explicativo foram excelentes na explicação do material exposto — avaliou.

A exposição fica aberta até o dia 25 de setembro. O agendamento para visitas em grupo pode ser feita por este link.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)