Seminário no Interlegis mostra como terapeutas podem ajudar no desenvolvimento do bebê

Da Redação | 29/06/2018, 15h41

Profissionais das áreas de educação, saúde e desenvolvimento social, além de pais e cuidadores, debateram no auditório do Interlegis a atuação do psicanalista e do fisioterapeuta no desenvolvimento dos bebês. Organizado pela Comissão de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz do Senado, o encontro, na tarde dessa quinta-feira (28), contou com a participação da psicanalista Inês Catão e da fisioterapeuta Maria Vannina. A mediação foi feita pelo pediatra e neonatologista Laurista Corrêa Filho.

Ao abrir o debate, Laurista Filho lembrou que a primeira infância é fundamental para a formação do ser humano. E são esses pacientes que mais exigem profissionais, tanto em quantidade quanto em qualidade, afirmou o pediatra. Segundo ele, é importante que os agentes de saúde tenham consciência do quanto podem fazer pelos bebês.

— Não há nenhum outro paciente que exija mais colaboração dos agentes de saúde. Se nós pensarmos nesse bebê, desde a fase intrauterina até os primeiros anos de vida, ele vai precisar de muita gente. E, por isso, nós falamos que ele é exigente, e nós sabemos o que podemos fazer por esse novo ser, porque hoje há informações muito completas sobre isso — afirma.

Maria Vannina, fisioterapeuta da equipe de atendimento a prematuros do Hospital Regional de Taguatinga (DF), abordou a humanização no atendimento aos pequenos. De acordo com ela, mudou, nos últimos anos, a maneira como os bebês são vistos pelos profissionais e pela sociedade.

— Ele [o bebê] deixou de ser visto como um ser que não tinha sentimentos e sensações para estar presente no nosso dia a dia e ser inserido na sociedade como um ser. Nada mais sensível e importante do que a construção e os cuidados com esse novo ser. Diariamente, se vê na rotina do hospital esse desafio diário de atender um bebê prematuro — disse.

Segundo Maria Vannina, é importante que todos os envolvidos nos cuidados com o bebê conheçam suas particularidades e respeitem sua integralidade. A criança, recém-chegada, não deve ser vista apenas como mais um.

— Ele é o bebê, que precisa de um atendimento especial. E é nesse aspecto que entra a interdisciplinaridade. São vários profissionais envolvidos e atendendo esse bebê, mas com o mesmo intuito e forma de falar — comentou.

A especialista também falou sobre como a interação entre mãe e filho por meio do olhar contribui para o desenvolvimento neuropsicomotor, em todas as idades. De acordo com ela, “esse vínculo deve ser criado o quanto antes, mesmo dentro de uma incubadora, nos casos de bebês prematuros”.

Vínculo

A psiquiatra infantil Inês Catão, pós-doutora em psicologia clínica e patológica pela Universidade de Nice Sofia-Antipolis (França), afirmou que o verdadeiro nascimento do bebê ocorre a partir da vinculação com o outro, que pode ser a mãe ou outro cuidador que exerça essa função. E essa interação, segundo a médica, ocorre ainda no útero.

— Não há mais dúvidas sobre isso. Desde o quinto mês de gestação, o sentido da audição já está presente. O bebê escuta os barulhos internos e externos, a voz da mãe. As ecografias hoje mostram como o bebê está ativo desde a vida intrauterina.

Para a psiquiatra, considerando a vida intrauterina, a saída do “meio aquático para o meio aéreo” é apenas uma etapa do nascimento. Por isso, afirma, nascer é um verbo a ser conjugado no gerúndio: o ser humano vai nascendo ao longo da vida.

Presidente da Comissão de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz do Senado, Lisle Lucena destacou que o evento marca o Segundo Ciclo de Palestras de Capacitação da Primeira Infância e falou sobre a atuação conjunta de psicanalistas e fisioterapeutas.

— Um profissional multiplica as possibilidades do outro. Também agradeço às palestrantes que vieram como voluntárias participar do evento com seus conhecimentos tão relevantes de serem transmitidos — afirmou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)