Agronegócio brasileiro está sob ataque mundial, afirma CEO da BRF

Da Redação | 12/06/2018, 18h11

No espaço de um ano, restrições à importação de produtos do agronegócio brasileiro foram aplicadas pela União Europeia, China e Arábia Saudita, que somaram-se à manutenção de embargos da Rússia à carne suína e de alguns frigoríficos. Este foi o quadro desenhado pelo CEO da BRF para o Cone Sul, Jorge Lima, durante audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA).

Para o executivo, essa situação ocorre porque o comércio internacional vem passando por um forte recrudescimento protecionista, que está sobrepujando acordos e negociações bilaterais e multilaterais. Lima avalia que as restrições de ordem sanitária, antidumping ou até mesmo religiosas alegadas por alguns dos parceiros comerciais para a adoção das barreiras são "cortina de fumaça", e o que ocorre de fato é um cenário de guerra comercial.

— A guerra está declarada contra nosso agronegócio. Isto é algo que está muito claro para a empresa, um cenário que explanamos ao governo federal e ao Senado. Isto se dá porque somos líderes na Europa, somos líderes na China, na Rússia e na Arábia. E eu duvido que a curto prazo este ataque será minorado — afirmou Lima, fazendo alusão a uma reunião da qual participou na semana passada com negociadores vinculados à União Europeia (UE).

Ministério da Agricultura

Também no que tange às negociações com a UE, o ministro da Agricultura, o senador licenciado Blairo Maggi, disse que a pasta aguarda no momento o envio de um relatório por parte de técnicos europeus que inspecionaram frigoríficos e plantas brasileiras em janeiro. No momento, a UE adota embargos contra 20 frigoríficos nacionais exportadores de frango e também contra os exportadores de pescados, alegando defesa sanitária.

— A partir deste relatório, e das novas exigências apresentadas por eles, será possível planejar posteriormente a vinda de uma nova missão europeia e requerer o fim do embargo.

O Ministério está ciente de que as alegações de ordem sanitária, ligadas a dois tipos de salmonela, "não têm de fato nenhuma sustentação científica", de acordo com Blairo Maggi. O que vem predominando é a pressão do setor agrícola europeu sobre seus representantes políticos tanto em algumas nações-chave nessas negociações, como a França e a Holanda, quanto no âmbito da UE.

O ministro acrescentou que outros acordos vigentes com os europeus preveem a possibilidade de exportação de frango nas mesmas condições agora embargadas, desde que sobretaxadas num valor superior a dois mil euros por carga, "o que prova que a questão não é de sanidade".

Polícia Federal

O ministro lamentou ainda o fato de que grande parte dos embargos sofridos pelo país sejam provenientes da "divulgação espalhafatosa" ligada às operações Carne Fraca e Trapaça, executadas pela Polícia Federal. Os resultados dessas operações são com frequência alegados pelos importadores para a adoção das barreiras. Para Blairo, a produção brasileira está no mais alto padrão de qualidade internacional, "e o pais não seria um líder de mercado se assim não fosse".

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)