TVs legislativas aproximam cidadão do processo legislativo, afirmam jornalistas

Da Redação | 08/06/2018, 18h18

O coordenador-geral da TV Senado, Érico da Silveira, afirmou que a emissora tem avaliado as formas de usar com eficiência cada vez maior o YouTube e as redes sociais, que não podem, segundo ele, ser meros repositórios de conteúdo. A afirmação foi feita na quinta-feira (7), durante seminário internacional na Câmara dos Deputados que discutiu as contribuições das TVs legislativas do Brasil e de outros países para aproximar os cidadãos do processo de discussão e elaboração das leis.

O debate, que comemorou os 20 anos da TV Câmara, foi promovido pela Secretaria de Comunicação (Secom) e pelo Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento (Cefor) da Câmara.

— Os nossos esforços nas redes sociais são de tentar produzir conteúdo em conjunto com o programa de TV, mas que não seja apenas um corte do programa que vai ao ar, o que seria tentador e mais fácil — explicou Érico.

O jornalista informou que, além das transmissões ao vivo, a TV dá ênfase à cobertura jornalística do Senado e aos programas de debates e entrevistas. Ele comparou a rotina de produção da TV Senado com a dos canais esportivos, que também transmitem eventos ao vivo e têm noticiários, programas de entrevistas e debates sobre os fatos que acabaram de acontecer.

— Nós aproximamos o setor de transmissão o máximo possível da cobertura de jornalismo, para fazer o ‘pós-jogo' da transmissão do Plenário.

O representante da TV Senado também falou sobre o problema das fake news, as notícias falsas.

— A crise das fake news dá, aos nossos canais legislativos, uma oportunidade de posicionamento nas redes sociais. Um perfil oficial ligado ao Parlamento brasileiro garante o porto seguro da informação à sociedade — salientou.

México

Blanca Ibarra, ex-diretora do Canal do Congresso do México, que, assim como a TV Câmara, completou 20 anos de atuação, ressaltou a importância das emissoras públicas para aumentar a transparência dos parlamentos.

— Estamos convencidos de que a comunicação legislativa é fundamental para ampliar a participação popular, colocando o cidadão no centro das principais decisões. Há muitos desafios nessa luta — afirmou Ibarra, que fez um histórico das leis mexicanas que contribuíram para a maior divulgação de informações de interesse público, como a Lei Federal de Transparência, de 2002. Segundo ela, um parlamento aberto se constrói com transparência, participação cidadã, inovação no uso de tecnologias e fortalecimento da integridade e responsabilidade parlamentar.

Democracia no Brasil

Gérson Inácio de Castro, gerente-executivo da TV e Rádio Assembleia do Rio Grande do Norte e diretor da Associação Brasileira de Rádios e Televisões Legislativas, destacou a importância da TV Câmara para fortalecer a democracia e divulgar os atos dos agentes públicos.

— A nossa transparência não é perfeita, mas hoje a população que quer conhecer o seu Legislativo tem muito mais informações do que tinha há 20 anos, quando o Parlamento era muito mais fechado. Esse conhecimento se deve, em grande parte, ao trabalho das tevês legislativas — afirmou.

A diretora da TV e da Rádio Câmara, Alessandra Anselmo, ressaltou a necessidade de haver regulamentos para proteger os critérios jornalísticos usados pelos veículos de comunicação do Poder Legislativo.

— Já tivemos momentos de grande interferência e de menos interferência política — observou.

Experiência britânica

Ao falar sobre os desafios da comunicação pública, Peter Knowles, diretor da BBC Parliament, canal de TV do Parlamento do Reino Unido, disse que, apesar de eventuais desgastes causados pela reputação da classe política, a população britânica tem plena confiança na imparcialidade da cobertura jornalística feita pela emissora.

— Há uma expectativa natural de que vamos agir honestamente — resumiu Knowles.

Segundo ele, a TV vem se adaptando gradativamente às mudanças do Parlamento britânico, que se tornou mais representativo da diversidade social da população nas últimas décadas. A linguagem usada pelos parlamentares durante as votações, de acordo com Knowles, é de fácil compreensão e, por isso, não há necessidade de comentaristas explicando o processo de votação, o que contribui para manter os custos da TV reduzidos.

— Temos uma equipe pequena, e o público admira o fato de que não somos caros — ressaltou.

Por outro lado, ele explicou que a atuação da BBC Parliament nas redes sociais é cautelosa e conservadora.

— Sabemos que essas redes são importantes. O referendo [sobre a saída do Reino Unido da União Europeia] teve grande repercussão no Twitter; mas somos cuidadosos ao tuitar — afirmou.

Com Agência Câmara

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)