Requião critica 'mecanismo da Justiça' do Paraná

Da Redação | 10/05/2018, 15h05

Ao discursar no Plenário nesta quinta-feira (10), o senado Roberto Requião (PMDB-PR) criticou o que chamou de “mecanismo da Justiça do Paraná”. O senador rememorou um caso, que começou no ano de 2002, em que a Companhia de Energia do Paraná (Copel) comprou quase R$ 40 milhões de créditos da empresa Olvepar. Segundo Requião, a Olvepar já estava falida na ocasião.

— Assim que a quantia foi creditada à fantasmagórica Olvepar, o dinheiro todo foi imediatamente sacado e repassado para um já famoso doleiro lavador de moedas chamado Alberto Youssef — disse o senador.

Requião afirmou que ele mesmo denunciou o caso em 2003, época em que era governador do Paraná. O senador também lembrou que em uma entrevista, em 2006, chamou um dos envolvidos no caso da Copel de “ladrão”, e foi condenado a pagar R$ 25 mil. O processo sobre a denúncia do negócio, no entanto, estava parado na Justiça paranaense.

De acordo com Requião, o juiz Roger Vinícius Pires de Camargo Oliveira, da 3ª Vara da Fazenda, de Curitiba, absolveu Ingo Hubert, presidente da Copel à época, na primeira instância. No entanto, nesta semana, 15 anos após a denúncia, o Tribunal de Justiça do Paraná finalmente condenou, por três votos a zero, o ex-presidente da Copel Ingo Hubert e o doleiro Alberto Youssef, além de outros envolvidos, pela negociação com a Olvepar. A sentença determina a devolução de mais de R$ 100 milhões aos cofres públicos. Requião acrescentou que o processo criminal ainda não foi concluído e apontou que o texto da condenação divulgado pelo Ministério Público do Paraná não trazia o nome dos envolvidos, falando apenas “do milagre, mas não dos santos”.

— É assim que funciona o mecanismo na República de Curitiba. Eu fico cá pensando: se o mecanismo da Justiça paranaense levou 15 anos para condenar Hubert, Youssef e os outros na ação civil pública, quantos anos ainda levará para julgar a ação criminal contra esses reconhecidos criminosos? — questionou.

Requião também comentou o limite imposto pelo STF ao foro privilegiado e cobrou o fim da prerrogativa de foro também para o Judiciário.

O parlamentar mencionou ainda a crise da Argentina, que recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI), e defendeu a volta da tributação sobre lucros e dividendos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)