Roberto Requião defende Lula e critica ataques à ala progressista da Igreja

Da Redação e Da Rádio Senado | 09/04/2018, 17h59

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) criticou nesta segunda-feira (9) em Plenário a condenação e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para Requião, Lula foi condenado injustamente e foi preso de forma contrária aos preceitos constitucionais. Requião mencionou a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) voltar a analisar as prisões após a condenação de segunda instância, antes de esgotados todos os recursos judiciais, como é o caso de Lula.

Roberto Requião disse que o ex-presidente não está "acima da lei", mas também não pode estar "abaixo dela". Ao se referir à prisão de Lula, ocorrida no fim de semana, o senador lembrou que a Constituição não pode ser modificada "por vontade de juízes", mas apenas por decisão do Congresso Nacional, depois de ampla discussão nacional.

— Acredito que o Supremo Tribunal Federal vai validar a Constituição. Senão, estaria se transformando num tribunal de arbítrio. E, daí, teríamos de tomar providências. Não se trata de revanche, mas se trata da defesa do Estado de Direito e da defesa do próprio Congresso — disse Requião, afirmando ainda esperar que ministra Rosa Weber, do Supremo, confirme a opinião já expressa anteriormente quanto à prisão antes do chamado trânsito em julgado.

CNBB

Além disso, Requião criticou os ataques à ala progressista da igreja. Para ele, "os fascistas, depois de desmoralizar a política, os partidos, os tribunais superiores, os advogados e os jornalistas considerados inimigos, agora queiram combater as igrejas, especialmente a Católica".

Segundo ele, no dia 5 de abril, após uma reunião entre parlamentares e integrantes da comissão de justiça e paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para discutir a crise no Brasil, alguns sites publicaram na internet críticas ao encontro, classificando-o de "café comunista", e denunciaram uma suposta infiltração esquerdista na igreja, sob o "patrocínio de Roma".

— Tendo em vista esse histórico da Igreja de viver o tempo que a humanidade vivencia, experimenta e sofre é que os fascistas buscam desmoralizá-la, combatê-la, desonrá-la. Tanto na Alemanha [nazista] quanto na Itália [fascista], para ficar em dois exemplos, a Igreja Católica e a igrejas evangélicas históricas foram classificadas formalmente como inimigas do regime — afirmou Requião.

O senador afirmou que os ataques se estendem ao Papa Francisco, por sua luta contra os malefícios que a globalização financeira provoca em todo o mundo.

— Não estou aqui para defender a igreja, padres, bispos, pastores, freiras e leigos crentes. Estou aqui para defender homens e mulheres que acham possível construir um mundo fraterno, solidário, que se opõem à barbárie fascista e à barbárie da globalização financeira e imperial, como pensa o nosso [papa] Francisco Bergoglio.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)