Projeto prevê assistência psiquiátrica e psicológica para estudantes de Medicina

Da Redação | 30/11/2017, 18h12

Estudantes de Medicina e médicos residentes poderão ter assistência psiquiátrica e psicológica segundo o Projeto de Lei do Senado (PLS) 157/2017. A proposta obriga as instituições de ensino superior a fornecerem o auxílio de forma gratuita. A matéria O projeto tramita em decisão terminativa na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e recebeu voto favorável da relatora, senadora Lídice da Mata (PSB-BA). Caso aprovado na comissão, o projeto segue para a Câmara dos Deputados.

De autoria da senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE), o projeto tem o objetivo de assegurar a assistência emocional e psicológica para esses estudantes que, segunda a senadora, desde o processo de seleção para ingresso na faculdade, passam por altos níveis de estresse.

— A pressão começa cedo, ainda no ensino médio, pois Medicina é sempre o curso mais concorrido nos vestibulares – observou.

De acordo com Maria do Carmo, quando entram na faculdade os estudantes vivenciam alto grau de responsabilidade, rigor acadêmico, estresse e privação de sono que favorecem doenças psíquicas como ansiedade e depressão. A senadora destaca ainda o fácil acesso a medicamentos como um dos fatores agravantes.

No relatório, Lídice da Mata apresentou dados de um estudo com 1.350 estudantes de Medicina, de 22 escolas médicas do país. O levantamento, realizado pela pesquisadora Fernanda Brenneisen Mayer, da Universidade de São Paulo (USP), revelou que 41% dos estudantes apresentaram sintomas depressivos e 81,7% apresentaram estado de ansiedade. Outros sintomas frequentemente relatados no estudo foram cansaço, irritabilidade e distúrbios do sono.

Emenda

De acordo com o projeto, o atendimento psicológico pode ser prestado por estudantes de Psicologia e de Medicina sob supervisão de profissionais. Contudo, de acordo com a relatora do projeto, a atenção psicológica prestada por colegas, com quem o aluno-paciente convive cotidianamente, não favorece a criação de um ambiente terapêutico “capaz de ser continente de toda a dor, angústia e preocupações do estudante que necessita de atenção”.

Visando a melhor assistência ao estudante, Lídice da Mata acrescentou em seu relatório uma emenda para retirar essa possibilidade do projeto. Ela argumenta que para o atendimento ser efetivo é necessário estabelecer um ”vínculo de confiança, especialmente em relação à capacidade do profissional que assiste o paciente e à segurança com relação ao sigilo das informações”.

Casos

A saúde mental de estudantes de cursos de Medicina voltou a ser um ponto de preocupação recentemente. No dia 28 de novembro, foi divulgado pela imprensa o segundo caso em dez dias de suicídio entre estudantes de Medicina da Faculdade de Minas (Faminas), de Belo Horizonte.

Em maio deste ano, casos de suicídio na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também chamaram a atenção pelo curto espaço de tempo entre as ocorrências.

— Diante dos acontecimentos recentes, tenho a absoluta certeza da importância desse projeto, pois será lei que as instituições ofereçam assistência aos seus alunos – afirmou Maria do Carmo.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)