Guarda Mirim de Brasília quer apoio governamental e parcerias

Da Redação | 30/10/2017, 15h38

Dirigentes da Guarda Mirim do Distrito Federal reivindicam a inclusão da organização na base de programas sociais apoiados pelos governos distrital e federal, além de parcerias com o setor privado para que a entidade possa manter suas ações de apoio a crianças e adolescente em localidades carentes no entorno de Brasília. O apelo foi feito em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), nesta segunda-feira (30), realizada com o objetivo de divulgar o trabalho da organização social.

Projeto social sem fins lucrativos, a Guarda Mirim promove atividades no contra turno escolar que incluem aulas de reforço e informática, além de práticas físicas. Há ainda atividades formativas destinada a estimular o engajamento social, a prevenção e o combate ao uso de drogas, o civismo e a disciplina dentro de valores militares, como explicaram líderes do projeto no debate. No momento, são atendidas cerca de 5 mil crianças, mas o objetivo é chegar a 10 mil até o fim de 2018.

A audiência foi realizada por sugestão do senador Hélio José (Pros-DF), que também dirigiu os trabalhos. Ao abrir a reunião, ele atestou a importância das ações desenvolvidas pela entidade em diferentes cidades do DF. Segundo ele, o trabalho ajuda a formar “pequenos cidadãos”, ao estimular em cada participante a disciplina, a dedicação à comunidade, o reconhecimento da importância da saúde física e do valor dos estudos. Para o senador, o projeto desperta “orgulho” e merece ser apoiado.

— Aliando atividades de formação e orientação, em que os participantes são apresentados à possibilidade de um futuro que talvez não vislumbrassem, e oferecendo um ambiente propício a uma convivência social saudável, o projeto tem impacto decisivo na promoção da paz social, criando vínculos e difundidos valores entre os jovens — afirmou.

Ensino integral

A Guarda Mirim, fundada por integrantes da Polícia Militar do Distrito Federal, ainda tem entre seus dirigentes principalmente membros da corporação. O coordenador, um sargento que se autodenomina Guarda Jânio Marques, disse que as atividades são desenvolvidas com muito sacrifício, com ajuda eventual de pais e de comerciantes das cidades que abrigam os “pelotões”. Diante das dificuldades que o governo hoje tem em oferecer o ensino integral nas escolas, ele avalia que o trabalho da Guarda Mirim pode ser um "braço útil" para suprir essa deficiência.

— Não somente a sociedade, mas o próprio governo vai lucrar muito. Estamos tirando meninos das ruas e das drogas, trabalho que, se não for feito, será depois muito mais caro para o governo resolver — afirmou.

Pioneiro da organização, o 2º Sargento PM Edmilson Serafim Bezerra contou que a iniciativa nasceu a partir de sua experiência policial, em que muitas vezes se via diante da necessidade de apreender menores em situações de crime. Chegou então à conclusão de que não adiantava “prender”, mas promover alternativas para que mudassem de vida. Roberto Francisco de Oliveira, que comanda o “pelotão” de Ceilândia, revelou que ainda jovem ele mesmo se viu envolvido em atos de delinquência. Depois, serviu ao Exército, onde disse ter recebido valores que o ajudaram a mudar a rota de seu destino. Hoje, afirmou, dedica suas energias para não ver crianças e jovens cometendo “o mesmo vacilo”.

A tenente-coronel Jucilene Garcez Pires representou o comando da PMDF na audiência. Ela dirige na instituição um centro de políticas públicas, que abarca projetos na área social e de combate às drogas nas escolas. Com base nos relatos ouvidos, ela disse que a Guarda Mirim, demonstra estar engajada na mesma linha de atuação da corporação, que tem como alvo a formação para a cidadania. Para eventual apoio, afirmou, seriam necessárias avaliações sobre a adequação aos princípios normativos da PMDF.

Também participaram da audiência representantes da Federação das Indústrias de Brasília (Fibra), assim como das entidades ligadas ao sistema “S” no DF: SESI, SENAI e Instituto Euvaldo Lodi. Em resposta a pedido que já havia sido dirigido pelo senador Hélio José dirigido ao presidente da Fibra, Jamal Jorge Bittar, ficou acertado que haverá reuniões com os dirigentes da Guarda Mirim do DF para exame de possíveis parcerias em formação profissional ou oferta de trabalho pelo programa Primeiro Emprego.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)