Instalada a CPI mista da JBS e J&F

Da Redação | 05/09/2017, 18h48

Foi instalada nesta terça-feira (5) a comissão parlamentar mista de inquérito para investigar supostas irregularidades envolvendo as empresas JBS e J&F em operações realizadas com o BNDES e BNDES-PAR, ocorridas entre os anos de 2007 a 2016.

— Nós queremos que essas quatro horas de gravações com novas delações dos irmãos Joesley e Wesley, da JBF, venham imediatamente ao conhecimento da sociedade, independentemente de quem esteja nelas — afirmou o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), na condição de vice-presidente da CPMI.

Já o presidente eleito da CPI, senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO), negou que a criação da comissão parlamentar de inquérito tenha o objetivo de retaliar os irmãos Batistas “e, muito menos, a Operação Lava Jato”. O senador destacou que o acordo de delação precisa ser "bem explicado", diante das dúvidas que surgiram sobre a atuação do Judiciário e do MPF, a partir das declarações do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre os novos áudios da delação do empresário Joesley Batista.

Transparência

Segundo Ataídes de Oliveira, a CPI mista vai além do acordo de delação e das atividades do grupo JBS. O objetivo, explicou, é investigar detalhadamente eventuais fraudes e irregularidades na aquisição de 21% das ações do grupo JBS em aporte do BNDES-PAR.

Os membros da CPI concordaram em realizar duas reuniões por semana, às terças e quartas-feiras. A relatoria, que será exercida por um deputado, como determina a regimento do Congresso, será definida na próxima semana, quando também será apresentado o plano de trabalho. Ronaldo Caiado pediu que a primeira autoridade a ser ouvida seja o procurador Rodrigo Janot. E defendeu a transparência das atividades da CPI.

— Os que estão investidos de cargos públicos não podem usar de suas prerrogativas para interesses pessoais. Estes sim, devem ser combatidos estejam onde estiverem e esse deve ser o objetivo maior desta CPMI — disse Caiado.

"Atuação firme"

O senador João Alberto de Souza (PMDB-MA) declarou que a CPI mista da JBS e J&F terá "atuação firme". O deputado Celso Maldaner (PMDB-SC) pediu que o governo dê atenção especial à questão dos empregados nas empresas do grupo JBS e também revelou preocupação com os rumos da CPI.

Já o deputado Miguel Haddad (PSDB-SP), que foi vice-presidente da CPI do BNDES, afirmou que várias vezes tentou aprovar requerimento convocando os irmãos Batista.

— Esses requerimentos nunca foram aprovados, em função dos votos contrários da bancada do PT, PCdoB e PMDB — acusou.

O deputado Delegado Francischini (SD-PR) disse que espera da CPI mista “um relatório altivo, a ser encaminhado ao MPF, e não meras ilações”. E o senador Sérgio Petecão (PSD-AC) declarou que se há 15 dias a CPI já era importante para o país, agora é muito mais, depois das preocupações do procurador Rodrigo Janot com os áudios do empresário Joesley Batista.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)