Em um quarto de século, Mercosul viveu euforia e crises

Da Redação | 04/09/2017, 20h29

Em 26 de março de 1991, os presidentes do Brasil (Fernando Collor), da Argentina (Carlos Menem), do Uruguai (Luis Alberto Lacalle) e do Paraguai (Andrés Rodríguez) assinaram o Tratado de Assunção, tornando realidade um sonho antigo — um mercado comum sul-americano. Em um quarto de século, o Mercosul, como foi batizado, viveu momentos de euforia e depressão, refletindo a realidade econômica dos países do bloco.

Em 1995, depois da assinatura do Protocolo de Ouro Preto, os quatro países fundadores adotaram a união aduaneira. O comércio interno do bloco, antes estimado em apenas R$ 2 bilhões por ano, atingiu R$ 20 bilhões em menos de uma década. Em razão da dimensão das economias brasileira e argentina, as crises nesses países têm forte impacto sobre os números do Mercosul. Os choques de 1999 no Brasil e 2001 na Argentina abalaram o comércio interno do bloco.

A união não se limitou ao comércio. Em 2007, foi instalado em Montevidéu o Parlamento do Mercosul (Parlasul), onde o Brasil tem 37 representantes (dez senadores). Entre outras medidas, foram firmados acordos para a padronização dos passaportes e das placas de automóveis. A adesão da Venezuela, em 2006, foi uma tentativa de dar novo fôlego ao Mercosul, mas a crise política no país levou à sua suspensão do bloco, no mês passado. Em 2015, a Bolívia foi admitida, faltando apenas a aprovação formal do Parlamento brasileiro para que o país se torne membro pleno.

Embora somados os países do Mercosul representem um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 3 trilhões, que fariam do bloco a quinta maior economia do planeta, o comércio intrarregional ainda tem potencial de crescimento. Estima-se que na União Europeia ele chegue a 69%, enquanto na América Latina, como um todo, representa apenas 18% da economia regional.

O Mercosul também enfrenta a concorrência de outros blocos. Em 1994, os Estados Unidos propuseram a criação de uma Área de Livre Comércio das Américas (Alca), despertando o temor de um esvaziamento do Mercosul, devido à hegemonia da economia americana. A Alca nunca chegou a se concretizar, mas nos anos seguintes os EUA assinariam tratados de livre comércio com Chile, Colômbia e Peru. Estes três últimos formaram com o México, em 2012, a Aliança do Pacífico. Em abril deste ano, representantes do Mercosul e da Aliança se encontraram em Buenos Aires e discutiram uma possível integração entre os dois blocos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)