Às vésperas da votação da reforma trabalhista, Paim convoca vigília

Da Redação | 10/07/2017, 15h32

A audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) sobre a aposentadoria especial para os profissionais da enfermagem, ocorrida nesta segunda-feira (10), deu lugar ao manifesto contra as reformas da Previdência e trabalhista, às vésperas da discussão do projeto de lei da Câmara (PLC) 38/2017, no Plenário do Senado. O senador Paulo Paim (PT-RS), vice-presidente do colegiado, convocou os 19 convidados e toda a sociedade a fazerem uma vigília contra a reforma trabalhista, nesta terça-feira (11) para acompanhar a discussão e observar quem são os parlamentares favoráveis e contrários ao texto.

— Cada homem e cada mulher desse país, acompanhe o passo a passo dessa reforma, todos sabemos que ela é cruel, desumana e praticamente revoga a Lei Áurea — disse Paim.

Os senadores Paulo Rocha (PT-PA) e Lindbergh Farias (PT-RJ) informaram ainda que a oposição entrou com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspensão da análise da reforma trabalhista por 20 dias, até que sejam apresentados estudos de impacto orçamentário e financeiro se a proposta for aprovada.

— A presidente Cármén Lúcia deve analisar até o fim do dia — informou Paulo Rocha.

Reformas

Durante os debates, a maioria dos participantes questionou a quais interesses as reformas realmente atendem, pois os assalariados seriam os mais prejudicados com as mudanças apresentadas. Foi apontada a malversação do dinheiro público, o excesso de desonerações tributárias e o caos na gestão da Previdência Social como fatores determinantes para o consumo inadequado dos recursos públicos, que afetam o pagamento dos benefícios previdenciários.

Também houve críticas a pontos específicos do projeto de reforma trabalhista, como a criação do trabalho intermitente, que acarreta mais disponibilidade e menos remuneração; o tabelamento do dano moral de acordo com o salário; a diminuição da atuação da Justiça do Trabalho; e a retirada de direitos já consolidados, considerada inconstitucional.

— A Anamatra vem denunciando a absoluta inconstitucionalidade de reforma que está violando o texto da Constituição Federal, pois permite que entidades sindicais possam negociar abaixo do patamar mínimo legal — disse Noemia Porto, da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho.

O procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), Paulo Vieira, também criticou o PLC 38, que “institucionaliza o calote dos direitos trabalhistas e dificulta a fruição deles", previstos no artigo 7º da Constituição, como salário mínimo, seguro-desemprego, férias, licença maternidade e paternidade, proteção da mulher no mercado de trabalho e aposentadoria, entre outros.

— O projeto é feito de maneira maliciosa, obviamente não revoga o artigo 7º, mas cria dificuldades para que o trabalhador tenha acesso. Na prática, ele não vai alcançar o direito, embora ele formalmente continue previsto na Constituição — explicou Vieira.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)