Reforma vai acirrar conflitos e criar país de 'bicos', diz secretário da CUT

Da Redação | 16/05/2017, 12h49

O secretário-geral da Centra Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, criticou a falta de diálogo do governo para elaboração da proposta de reforma trabalhista e afirmou que o projeto (PLC 38/2017) vai acirrar conflitos entre empregados e empregadores.

— Aquilo que começa errado termina errado. Este processo começou errado e muito errado. Nenhuma das grandes centrais sindicais foi chamada para trabalhar na elaboração da proposta — afirmou.

A possibilidade da dispensa do apoio sindical na negociação de acordo trabalhista em empresas com mais de 200 empregados, prevista na proposta, vai colocar em risco, a seu ver, os direitos trabalhistas, porque criará representações sem legitimidade, impostas muitas vezes pelo empregado.

— Vai ser a raposa tomando conta do galinheiro — avaliou.

O representante da CUT disse também que o projeto vai acabar com os empregos fixos, levando o trabalhador a sobreviver de "bicos". A falta de estabilidade no emprego, alertou, vai comprometer o consumo das famílias.

— Queremos emprego de qualidade, não um emprego qualquer. Qual trabalhador com contrato em tempo parcial, intermitente ou terceirizado pode ter a tranquilidade de comprar uma geladeira, um automóvel em 30 prestações? Qual vai ter a tranquilidade de entrar em um financiamento da casa própria? Não vai fazer. É uma reforma recessiva — condenou.

Imposto sindical

Sobre o imposto sindical, Sérgio Nobre lembrou que a CUT sempre foi contrária à contribuição obrigatória. Ele defende a substituição da atual prática pela contribuição da negociação coletiva, decidida livremente em assembleia da categoria.

— Trabalhadores devem ter liberdade. Somos conta o imposto, mas o trabalhador deve ter liberdade em assembleia de decidir como vai financiar o sindicato — disse.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)