Senado homenageia bicentenário da Revolução Pernambucana

Da Redação | 08/05/2017, 16h34

Professores e historiadores participaram nesta segunda-feira (8) de uma sessão especial no plenário do Senado para lembrar os 200 anos da Revolução Pernambucana. Eles destacaram a importância do evento histórico e pediram mais valorização do movimento que pretendeu tornar o Brasil uma república independente de Portugal.

A Revolução Pernambucana, também conhecida como Revolução dos Padres, eclodiu em março de 1817 com a ocupação da cidade de Recife. Um governo provisório foi organizado, e uma assembleia constituinte chegou a ser convocada, mas a rebelião durou pouco mais de dois meses e sucumbiu ante a violenta reação militar do governo imperial, que levou à prisão e à morte de seus líderes revolucionários, entre eles o Frei Caneca.

Para o professor Luiz Carlos Villalta, doutor em História, a Revolução Pernambucana foi a mais ousada e radical tentativa de enfrentamento até então vivida pela monarquia portuguesa. Já o presidente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, George Félix de Souza, classificou a Revolução como o mais importante movimento anticolonial da história brasileira.

— Até hoje não tem o devido valor que merece. Há setores da historiografia, da mídia e da academia que ainda minimizam a importância do fato. Era um projeto de vanguarda e propôs a independência com visão de uma nação mais avançada do que aquela que triunfaria em 7 de setembro de 1822 [...]  Já é tempo de haver o devido reconhecimento dos brasileiros, para que sirva de inspiração para a construção de um país mais justo e equilibrado — opinou George Félix.

Ele também lembrou que algumas bandeiras defendidas pelos insurgentes continuam atuais, como a luta contra o excesso de tributação, a ampliação da participação popular nas decisões políticas, pela transparência e a liberdade de consciência e de imprensa.

União

O escritor e doutor em Direito Vamireh Chacon e o historiador e professor Flávio José Gomes Cabral ressaltaram que o movimento em Pernambuco não foi uma ação de caráter separatista, como defendem algumas correntes de historiadores.

Eles lembraram que a revolução teve a presença de paulistas e mineiros e até de um líder capixaba: Domingos José Martins. Além disso, acrescentaram, houve a adesão da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará.

Ideal

A iniciativa da homenagem em Plenário partiu do senador Humberto Costa (PT-PE), que afirmou ser uma oportunidade para que os brasileiros tomem lições do passado e projetem um futuro melhor. Ele classificou o movimento de "libertário, fruto da coragem de um povo que não aceitou os arreios do governo colonial de Dom João VI".

— Se tivesse mais memória, o Brasil inteiro estaria comemorando uma de suas datas mais significativas. A revolução foi um ato histórico da maior relevância, afrontou a Coroa e chegou a derrotá-la por um período. A independência chegou cinco anos mais tarde — disse.

O senador Cristovam Buarque (PPS-DF), que nasceu em Pernambuco, propôs uma reflexão sobre os ideais dos revolucionários. Segundo ele, o Brasil ainda precisa evoluir para ser tornar uma república em sua plenitude:

— O que é ser republicano hoje? É ser humanista, ser solidário internacionalmente. Não é republicano quem não deixa um imigrante entrar no seu país. Não é republicano aquele que não luta pela igualdade no acesso à educação e à saúde. Não é republicano um sistema que tolera a corrupção. Não é republicano um país com concentração tão elevada de renda. Não é republicano um país onde o filho do rico tem uma escola melhor que o filho do pobre — afirmou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)