Roberto Campos é homenageado em sessão solene do Congresso Nacional

Da Redação | 17/04/2017, 14h56

O Congresso Nacional prestou homenagem, nesta segunda-feira (17), ao ex-senador, deputado, ministro e diplomata Roberto Campos. Nascido em Cuiabá (MT), Campos completaria nesta data cem anos. Os parlamentares e autoridades presentes o definiram como um liberal convicto de seus ideais e ético em sua atuação política.

O senador Cidinho Santos (PR-MT), que teve a iniciativa da sessão especial, disse que o homenageado defendeu incondicionalmente a liberdade democrática e a livre iniciativa. Para o senador, o momento atual do país pede grandes reformas, como defendia Roberto Campos.

— Roberto Campos foi defensor incondicional das liberdades democráticas e da livre iniciativa, enfaticamente pela redução do tamanho e da influência da máquina administrativa estatal nas atividades produtivas e da modernização das relações entre o Estado e a sociedade — disse Cidinho.

Para o deputado Paes Landim (PTB-PI), que conviveu com o homenageado, ele foi o maior liberal que o país já teve. Landim afirmou que Campos era um pensador, de pouca conversa com os colegas, muito competente e honesto.

— Essa figura fascinante prestou grandes serviços ao país. Ocupou as mais variadas funções no país sempre com o mesmo espírito, a mesma ideologia, a mesma convicção liberal. Foi o maior liberal deste país. É uma pena que ele hoje não veja como as suas ideias começam a ser plantadas — observou.

Para o deputado Pauderney Avelino (DEM-AM), as ideias de Roberto Campos ainda estão vivas, especialmente no atual momento do país. Pauderney lembrou que o homenageado criticava o gigantismo da Petrobras e dizia que o Brasil tinha muitos postos de combustível da estatal quando deveria ter muitos postos de saúde do Ministério da Saúde.

— Eu era ainda muito jovem quando cheguei à Câmara, e ele me instruía para o momento que nós vivíamos, dizendo que nós precisaríamos mudar o destino do Brasil através de políticas que viessem a reduzir o tamanho do Estado na vida dos brasileiros. Como foi feito o contrário, nós estamos vendo o caos que estamos vivendo — afirmou o deputado.

O deputado estadual Professor Allan Kardec (PT), da Assembleia Legislativa do Mato Grosso, também elogiou Roberto Campos, apesar das divergências ideológicas. Para o deputado, o país precisa deixar de lado o maniqueísmo “direita-esquerda” e tomar o caminho da ética.

— O Brasil não pode mais no tempo presente continuar no maniqueísmo de direita e esquerda. Nós precisamos recuperar o caminho da ética. E eu acredito que estou hoje aqui, petista, eticamente representando o meu estado, reconhecendo a grandeza de Roberto Campos — afirmou.

O ex-deputado federal Ricardo Corrêa lembrou de seu colega de parlamento e disse que o Brasil precisava ter mais homens como Roberto Campos.

— Era um tratado quando ele falava para o povo brasileiro. Ele tinha uma posição, que era contestada por muitos, mas que muitos também seguiam a sua orientação. E hoje, nós vemos, por esse momento, como ele estava à frente do nosso tempo.

O senador Wellington Fagundes (PR-MT) ressaltou a frase de Roberto Campos de que “mais importantes que as riquezas naturais são as riquezas artificiais da educação e da tecnologia”. Para o senador,  a luta de Roberto Campos contra o atraso e em prol da modernização do Brasil teve dois principais alvos: a Lei de Reserva de Mercado da Informática e a Constituição Federal de 1988.

— No Senado apresentou 15 projetos com questões de permanente atualidade: livre negociação salarial, medidas de flexibilização do mercado de trabalho para estimular a criação de empregos, a privatização e extinção de empresas estatais deficitárias entre outros tantos temas — recordou Wellington.

O embaixador Paulo Roberto de Almeida, autor do livro O Homem que Pensou o Brasil – Itinerário Intelectual de Roberto Campos disse que, se Roberto Campos estivesse vivo, estaria muito frustrado com o funcionamento do Congresso Nacional, que não está propenso a realizar reformas importantes para o país.

Carreira pública

Após atuar como diplomata brasileira nos Estados Unidos, na década de 1940, Campos ocupou diversos cargos no Brasil na década de 1950, até tornar-se ministro do Planejamento e da Coordenação Econômica, de 1964 a 1967 (governo Castello Branco). Retornou à diplomacia em 1974, quando foi nomeado embaixador do Brasil em Londres.

Na década de 1980, iniciou sua carreira política como senador por Mato Grosso, estado onde nasceu em 17 de abril de 1917. Foi senador entre 1983 e 1991, pelo PDS, quando atuou como constituinte. Na década de 1990, foi deputado federal por dois mandatos, atuando inclusive na revisão da Constituição, em 1993.

Em seu último discurso como parlamentar, anunciou que faria um “retrospecto melancólico”. Ao despedir-se da Câmara, em janeiro de 1999, esclareceu que sua melancolia não provinha de saudades antecipadas de Brasília, que considerava “um bazar de ilusões e uma usina de déficits”.

A melancolia, acrescentou, expressava o reconhecimento do fracasso de uma geração — a sua — em lançar o Brasil em uma trajetória de desenvolvimento sustentado. “Continuamos longe demais da riqueza atingível e perto demais da pobreza corrigível”, disse.

A TV Senado está exibindo em sua programação uma edição do documentário Grandes Personagens sobre Roberto Campos, disponível também na internet (acesse aqui). E a Rádio Senado estreia nesta sexta-feira (21), às 18 horas, a reportagem especial Roberto Campos - 100 anos, com reprise no sábado e no domingo.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)