Parlamentares e produtores de Mato Grosso se unem por extensão de ferrovia

Da Redação | 24/03/2017, 17h04

Encontro organizado pelo Fórum Pró-Ferrovia, em Cuiabá, capital do Mato Grosso, debateu nesta sexta-feira (24) a proposta de construção de dois novos trechos da Ferrovia Senador Vicente Vuolo, localizados no estado. O evento, no auditório da Federação das Indústrias do Mato Grosso, contou com a participação do senador Wellington Fagundes (PR-MT), integrante da Comissão de Infraestrutura do Senado.

Os trilhos chegam hoje ao Mato Grosso até Rondonópolis, saindo do Porto de Santos. O trecho estadual foi inaugurado em 2013 e agora há ampla movimentação para assegurar duas novas etapas: entre Rondonópolis e Cuiabá, orçado em quase R$ 1,4 bilhão; e entre Cuiabá e Sorriso, mais R$ 3,6 bilhões. O objetivo é diminuir gargalo logístico, o que pode resultar na atração de novas indústrias e redução de custos ao setor produtivo estadual.

Representantes dos governos estadual e federal também participaram do debate, além de parlamentares da bancada legislativa estadual e federal, inclusive o senador José Medeiros (PSD). O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, e dirigentes dos setores produtivo e empresarial estavam ainda entre os presentes. O evento marcou também o lançamento da campanha publicitária "Ferrovia traz", composta de vídeos e cartazes de motivação.

Gargalo logístico

Documento entregue pelo Fórum Pró-Ferrovia à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em janeiro, pediu a inclusão do trecho Rondonópolis a Cuiabá nas obrigações da Concessionária Rumo ALL, além de uma utilização melhor da opção do traçado segundo estudo viabilidade que já havia sido contratado pelo órgão.

A intenção é assegurar os investimentos como parte das obrigações da concessionária dentro das contrapartidas que podem ser exigidas para a renovação da concessão, por 30 anos, da chamada Malha Paulista, em que se inserem os trilhos em Mato Grosso. Para Fagundes, as novas etapas são fundamentais para a estrutura logística do estado, significando garantia de escoamento da produção e desenvolvimento.

- Temos que aproveitar o momento para pressionar tanto a ANTT quanto o governo [federal], para mostrar o que Mato Grosso quer – disse Fagundes, ressaltando a força do estado no setor agroindustrial.

Assim como Fagundes, José Medeiros apelou por união de todas as forças políticas e empresariais para assegurar a expansão da malhas ferroviária no estado, que já conta com a sinalização do governo federal para mais um trecho da Ferrogrão, que deve ligar o município de Sinop ao Porto de Miritituba, no Pará. Medeiros observou que obstáculos de topo tipo podem ser levantados, inclusive na parte de licenciamento ambiental.

- Impossível o país ir para frente desse jeito. Por isso, nossa luta lá no Congresso será para vencer os obstáculos, tentar tirar os gargalos – disse.

Vagões cheios

O presidente do Fórum Pró-Ferrovia, Francisco Vuolo, observou que hoje grandes volumes da produção de grãos do estado chega a Santos pela ferrovia. Mas salientou que os vagões precisam também voltar cheios, para que potencial ganhe potencial, o que o que permitirá a queda do valor do frete. Por isso, reforçou, os trilhos precisam chegar até Cuiabá, centro da principal região de consumo do estado. Acredita que o resultado será também a atração de indústrias, com geração de empregos.

- A ferrovia não é só para transportar grãos e carne, mas para trazer o desenvolvimento e fazer chegar ao cidadão o que queremos – salientou, explicando o mote da campanha “Ferrovia traz”.

O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, reforçou a importância da extensão da linha férrea até a capital, dizendo que os efeitos econômicos se estenderam a toda Baixada do Cuiabá, formada por mais de 15 municípios. O presidente da Federação das Indústrias, Jandir José Milan, lamentou que o país tivesse regredido em infraestrutura ferroviária, tendo hoje uma malha muito menor do que a existente na década de 1950, apesar de o frete nesse modal ser 50% mais barato do que no rodoviário.

Fatores favoráveis

Dois fatores favorecem o pleito para a incorporação dos dois trechos à malha ferroviária existente, segundo Anderson Moreno Luz, representante do Ministério dos Transportes. Sem ser taxativo quanto ao pleito, ele observou que um fato positivo é que os trechos estão previstos no Plano Nacional de Viação, definido em lei.

Depois, mencionou possibilidade de estudo da renovação da concessão da linha, nos termos da Medida Provisória 752/2016, em exame no Congresso, que autoriza a prorrogação e a relicitação de contratos de parceria nos setores rodoviário, ferroviário e aeroportuário. Luz adiantou a disposição da pasta em receber o Fórum Pró-Ferrovia, em Brasília, para discussões técnicas sobre o tema.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)