Para pesquisador da FGV, Brasil tem ‘janela de oportunidade’ para fazer ajuste fiscal

Iara Guimarães Altafin | 22/11/2016, 16h14

Ao defender a aprovação da PEC do Teto dos Gastos, o economista Armando Castelar, coordenador do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), disse que o país deve aproveitar a possibilidade de financiamento externo ainda em condições vantajosas.

Ele falou aos senadores durante sessão temática no Plenário, nesta terça-feira (22), que discutiu a PEC 55/2016. Na opinião do economista, a situação favorável de investimentos externos pode mudar após a posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos.

— A janela de oportunidade pode estar se fechando. Pode ser que, já no começo do ano que vem, a situação fique complicada, as taxas de juros subam e o espaço para uma solução se feche. E aí a gente vai ter perdido uma oportunidade de fazer uma mudança gradual e colher benefícios antecipadamente — disse.

Para o economista, é urgente a redução do gasto público, que cresceu de forma acelerada nos últimos cinco anos, período de queda do Produto Interno Bruto (PIB) e consequente queda de arrecadação.

— A mensagem é simples: é impossível continuar aumentando o gasto nesse ritmo. O país já gasta muito mais do que arrecada. Se continuar crescendo o gasto, vai gerar uma dívida. A dívida vai explodir e vai acabar em uma situação semelhante ao que a gente vê hoje em estados como o Rio de Janeiro, por exemplo — alertou.

Castelar afirmou que, se tiver a obrigação da despesa sem a receita, o governo poderá ser obrigado a cortar salários e aposentadorias, a menos que decida imprimir dinheiro e arcar com a alta inflacionária.

— Já vivemos isso no passado. Em um regime de hiperinflação, o PIB não vai crescer, a desigualdade vai aumentar, a pobreza vai aumentar — disse.

O economista também afirmou que a PEC do Teto de Gastos é uma opção acertada, pois evitará esses problemas, ao promover o ajuste fiscal de forma gradual.

— Não é uma ruptura, não é uma queda abrupta de despesas. Na verdade, não reduz despesas, apenas não permite aumentar gastos em termos reais — completou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)