Senadores pedem ação firme contra invasores do Plenário da Câmara

Da Redação | 16/11/2016, 19h18

A invasão do Plenário da Câmara dos Deputados foi duramente criticada pelos senadores durante a sessão deliberativa desta quarta-feira (16). O Plenário da Câmara foi invadido por mais de 50 pessoas, enquanto os deputados discursavam à espera de quórum para o início da ordem do dia da sessão extraordinária. Os manifestantes, que pediam intervenção militar e o fechamento do Congresso, foram retirados à força pela polícia legislativa da Câmara e pela Polícia Federal.

O senador Raimundo Lira (PMDB-PB) classificou os invasores de golpistas e disse que o Congresso devia pedir ao Ministério da Defesa uma tropa especial para desalojá-los do plenário da Câmara.

— Nós sabemos que invasão de Parlamento democrático é golpe de estado, e a Constituição brasileira tem todas as cautelas, todas as medidas que poderão ser usadas contra golpistas. Não são militantes, são golpistas - acusou.

Também o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) cobrou ações severas para retirada dos manifestantes. Ele considerou o protesto um “atentado” e acrescentou que o Senado e o Supremo Tribunal Federal poderiam ser os próximos alvos de manifestações semelhantes.

— É hora de usar-se a força necessária para restabelecer a ordem. O que está havendo é uma desordem. E nós não podemos admiti-la, sob pena de estarmos aqui compactuando com tudo isso.

O líder do governo, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), também cobrou rigor no trato com os manifestantes. Segundo ele, a invasão do Plenário da Câmara é uma ação ilegal, promovida por “um grupo de pressão que pretende obstaculizar ou impedir o funcionamento de um dos Poderes da República”.

— Esse é um fato da maior gravidade, que deve merecer o repúdio de todos nós. Eu não quero nem saber qual é a causa que eles pretendem defender. Não me interessa! O que eu posso lhe dizer – e creio que esse é o ponto de vista de muitos dos nossos colegas – é que esse comportamento não se sustenta diante da ordem democrática, é um comportamento criminoso que deve ser punido com o maior rigor e não pode ser tolerado - afirmou.

Aloysio Nunes declarou ainda ser preciso uma atuação firme das forças de segurança e também uma atitude, por parte do Poder Judiciário e do Ministério Público, de defesa intransigente da ordem democrática. O senador afirmou que movimentos como esse estão violando em diversos protestos pelo país — como, por exemplo, a ocupação das universidades públicas.

Gritos

Uma das primeiras a se manifestar em Plenário, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) classificou o protesto como “intolerante e agressivo” e questionou como os manifestantes conseguiram entrar na Casa. Ela afirmou que foram os mesmos a interromper pela manhã, aos gritos, a reunião da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) em que era debatido o Programa Escola sem Partido.

— Para nós colocarmos os estudantes aqui, na semana passada, para acompanhar a discussão da PEC e da MP, foi uma negociação quase infindável. E diziam que eles eram baderneiros! Quem é baderneiro? Quem vem aqui acompanhar uma audiência e lutar pelos seus interesses ou quem quebra a porta da Câmara, entra no plenário, não tem uma bandeira fixa e vai lá apenas para causar problemas? - reclamou a senadora, registrando que os representantes do movimento social nunca quebraram nada no Congresso.

A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) também cobrou uma posição do Congresso, lembrando que, na semana passada, até spray de pimenta foi jogado nos estudantes.

Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) citou o deputado Ulysses Guimarães (1916-1992) para ilustrar o momento que vive o Congresso: “Conhecemos o caminho maldito: invadir o Parlamento, trancar as portas do Parlamento, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério”. Randolfe sublinhou que uma nação cujo Parlamento é invadido e impedido de funcionar perde condição de democrática.

O plenário da Câmara foi desocupado no final da tarde e os deputados puderam retomar a sessão deliberativa na Casa. A sessão do Congresso, que estava marcada para às 17h, foi cancelada.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)