CRE aprova indicações de embaixadores para Tunísia e Irã e cargo em Genebra

Da Redação | 19/10/2016, 18h35

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou nesta quarta-feira (19) as indicações de três diplomatas para chefiarem escritórios brasileiros no exterior. Márcia Maro da Silva e Rodrigo de Azeredo Santos assumirão as embaixadas na Tunísia e no Irã, respectivamente. Maria Nazareth Farani Azevêdo assumirá o cargo de delegada permanente do Brasil em Genebra, na Suíça – onde a Organização das Nações Unidas (ONU) e alguns de seus órgãos têm sede.

Todos os nomes foram aprovados de forma unânime. As indicações serão agora votadas pelo Plenário do Senado.

Embaixadores

Márcia Maro da Silva, que pode ser a futura embaixadora do Brasil na Tunísia, destacou a posição estratégica do país africano, na entrada do Mar Mediterrâneo, e a sua relativa estabilidade política em relação às nações vizinhas. Ela relatou que o processo de independência da Tunísia, concluído em 1956, teve liderança e inspiração de movimentos liberais e republicanos. Esses valores estão na fundação do Estado nacional tunisiano, o que faz do país uma experiência única naquela região do mundo.

- Há uma esperança de que a Tunísia possa ser um caso concreto e bem-sucedido de país que afirma sua identidade árabe e muçulmana ao mesmo tempo que anseia por ser uma democracia constitucional, onde impere o Estado de direito. Isso ainda não ocorreu na região, mas a Tunísia é um laboratório - disse.

Márcia Maro da Silva destacou que foi na Tunísia que teve início, em 2011, a onda de protestos conhecida como Primavera Árabe, que derrubou governos no norte da África e se espalhou para o Oriente Médio. A diplomata relatou que, ao contrário do que aconteceu em nações vizinhas, na Tunísia houve uma transição pacífica e moderada de poder, resultando em um governo de coalizão pelo qual boa parte da população se sente representada.

No tocante ao Brasil, a diplomata disse que a Tunísia tem procurado diversificar suas relações externas e fortalecer laços com países emergentes, o que pode ser uma abertura ideal. Ela disse que há a possibilidade de cooperação na área social, com a reprodução de programas brasileiros, e na defesa, com a negociação de aeronaves militares e comerciais da Embraer.

Rodrigo de Azeredo Santos, indicado para a embaixada no Irã, chamou atenção para indicadores positivos do país: alto nível cultural e educacional, taxa de alfabetização de 98% da população, bom Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), economia diversificada, grandes reservas de petróleo e gás natural e posição geográfica privilegiada no Oriente Médio.

O grande desafio nas relações com o Irã, segundo Santos, são as sanções que o país sofreu da comunidade internacional nos últimos anos devido ao seu programa de energia nuclear. Apesar de o caso ter afetado negativamente a economia iraniana, o diplomata destacou que o Brasil, por ter atuado para mediar a questão, encontra-se em boa posição para ser um parceiro privilegiado do Irã.

- O Brasil estava engajado em uma solução pacífica, fiel à sua tradição diplomática. Naquele momento, era o ator que tinha a maior confiança das partes envolvidas. Hoje o Irã busca se inserir de forma mais aberta na comunidade internacional e o Brasil, com esse capital político que acumulou, tem um desafio importante - disse.

Genebra

Maria Nazareth Farani Azevêdo pode chefiar a delegação permanente do Brasil em Genebra, cargo que ela ocupou entre 2008 e 2013. O escritório tem “grande sensibilidade” para a diplomacia brasileira, segundo ela, porque trata de uma gama variada de temas e lida com diversos organismos da ONU, como o Conselho de Direitos Humanos (CDH), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

- O desafio da missão permanente em Genebra é múltiplo, multifacetado e sensível. Constantemente nos deparamos com situações extremas e complexas, o que impõe escolhas de grande delicadeza. Não é incomum nos encontrarmos entre forças opostas. Enxergar a solução ideal e o menor custo possível é a rotina do trabalho - explicou.

Maria Nazarwth Azevêdo também abordou rapidamente a sua passagem pelo consulado do Brasil em Genebra, e chamou a atenção dos senadores para a falta de verbas que encontrou. Ela alertou que os serviços consulares e o atendimento aos cidadãos eram muitas vezes prejudicados por esse problema, e disse que precisou recorrer “ao voluntariado e à solidariedade” da comunidade brasileira para prestar assistência efetivamente. A diplomata fez um apelo pelo fortalecimento do setor consular do Ministério das Relações Exteriores.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)