Com 12 mil casos ao ano, Brasil pode ter semana para discutir suicídio

Da Redação | 05/09/2016, 15h59

Instituir a Semana Nacional de Valorização da Vida no Brasil, a ser realizada anualmente na semana que compreender o 10 de setembro — Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. É o que está previsto no Projeto de Lei do Senado (PLS) 260/201, que aguarda indicação de relator na Comissão de Assuntos Sociais (CAS).

A finalidade do projeto, apresentado pelo senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), é promover o debate, a reflexão e a conscientização sobre essa temática na sociedade, objetivando dignificar a vida no Brasil, em reação ao aumento do número de suicídios. Os órgãos públicos responsáveis pela coordenação e implementação de políticas ligadas à prevenção do suicídio ficam incumbidos de realizar e divulgar eventos que promovam o debate, a reflexão e a conscientização sobre o tema.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 800 mil suicídios foram registrados em 2015 em todo o mundo, dos quais 75% em países de média e baixa renda.

O Brasil ocupa a 8ª posição no ranking de países com maior incidência de suicídios, ultrapassando o número de 12 mil casos por ano.

"O tabu sobre o tema do suicídio é um dos principais obstáculos no combate desse grave problema. No entanto, por meio de uma abordagem abrangente e com uma estratégia nacional de prevenção, é possível enfrentá-lo e conquistar resultados positivos de diminuição no número de casos", argumenta o senador Garibaldi na justificativa para a apresentação de sua proposta.

CDH

Em novembro do ano passado, por iniciativa de Hélio José (PMDB-DF), a Comissão de Direitos Humanos (CDH) realizou uma audiência pública com especialistas e autoridades, quando foram discutidas estratégias e políticas visando prevenir casos de suicídio em nosso país.

Na ocasião, o suicídio foi definido como uma "epidemia silenciosa" no Brasil, e com uma preocupante tendência de crescimento entre jovens e adolescentes.

Nos últimos 10 anos, a taxa de suicídio cresceu mais de 40% entre brasileiros de 15 a 29 anos.

Os médicos e psicólogos participantes lembraram que há diversas oportunidades para salvar a vida de quem pensa em se matar e explicaram que é importante falar sobre o assunto, dando voz a quem sofre.

Professor de Psicologia na Universidade de Brasília (UnB), Marcelo Tavares argumentou que as campanhas educativas e ações de prevenção são realmente eficientes e defendeu que o suicídio deve ser tratado como um problema de saúde pública, com políticas e programas específicos.

— Nossos desafios são grandes. O contexto da prevenção do suicídio é muito mais amplo, requer que a gente pense em nossos adolescentes, em nossos idosos, nas profissões de risco e nas pessoas que possam ter experiências agudas de sofrimento — frisou Tavares na ocasião.

No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) trabalha há 53 anos na prevenção ao suicídio. A entidade atende 24 horas por dia no telefone 141, por e-mail ou bate-papo na internet, no endereço www.cvv.org.br.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)