Para Aécio, Dilma venceu eleições 'faltando com a verdade'

Da Redação | 29/08/2016, 16h38

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), que perdeu as eleições no segundo turno para Dilma Rousseff em 2014, a questionou em seu julgamento e lembrou das promessas de campanha da ex-adversária. Na sessão do depoimento da presidente afastada, na sexta-feira (29), no Senado, ele ressaltou que nunca poderia imaginar que, desde o último debate, iria reencontrá-la na situação de agora.

— Digo isso, porque, acredite, não ajo hoje com nenhum sentimento de alegria ao questioná-la, mas ajo com sentimento da mais absoluta responsabilidade que a minha função de Senador me obriga a manter.

Esse foi o ponto de partida para criticar Dilma por, mais de uma vez, ter vinculado as dificuldades por que vem passado, ao “inconformismo” daquele que chamou de “derrotado nas eleições presidenciais”. Depois, Aécio disse a ela não ser “desonra alguma perder eleições”, sobretudo quando se defende ideias e se cumpre a lei.

— Eu não diria o mesmo de quando se vence as eleições faltando com a verdade e cometendo ilegalidades — disse.

Ação no TSE

Aécio disse que Dilma condena o PSDB, partido que hoje preside, pela iniciativa de abrir ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com denúncia sobre irregularidades na campanha da candidata eleita. Contudo, apontou ele, a presidente não se lembra de dizer que o tribunal só decidiu abrir a investigação depois de identificar, após perícias, “inúmeras ilegalidades”.

— Por outro lado, vejo que Vossa Excelência recorre, permanentemente, aos votos que recebeu como justificativa para todas as atitudes que tomou.

Situação econômica

O senador citou afirmações de Dilma na campanha em relação à situação econômica. Como exemplo, a garantia de que a inflação estava sob controle e que o país iria ter crescimento positivo no ano seguinte. Observou que, ao apontar a existência de problemas, os críticos eram chamados de “pessimistas de plantão”.

O que ocorreu depois foi que a inflação, em 2015, ultrapassou a casa de 10%, somente a de alimentos acima de 16%, “retirando, aí sim, da mesa do trabalhador aqueles pratos de comida que, tão competentemente, o seu marqueteiro, João Santana, apresentou ao Brasil”, disse Aécio.

Dilma afirmou que não imaginou o reencontro entre eles agora no Senado. Depois, salientou que, logo após sua posse, enfrentou um conjunto de ações que tiveram por finalidade desestabilizar seu governo, tanto no plano político quanto no econômico. Citou, como exemplo, o pedido de recontagem de votos e, logo depois, o pleito de auditoria nas urnas.

— Nos dois casos, após um ano, verificou-se que isso não tinha nenhuma irregularidade. Na sequência, senador, antes da minha diplomação, arguiu-se no TSE, e levantou-se a necessidade de auditar as minhas contas. Isso está em processo — afirmou.

Quadro político

Dilma acusou Aécio por “sistematicamente”, acusá-la por supostos delitos, enquanto ele mesmo estaria tendo suas contas de campanha sob investigação. Em seguida, ela falou sobre os efeitos do mercado internacional sobre a economia do país, de imediato o ajuste de juros pelo tesouro norte-americano, que levou ao aumento da inflação interna pelos efeitos sobre o câmbio. Citou ainda a queda dos preços das commodities, caso do petróleo e do minério de ferro. Além disso, no plano interno, mencionou a crise energética causada por fatores inédito período de seca.

A esses fatores, afirmou, o quadro político se agravou, sobretudo a partir da eleição de Eduardo Cunha como presidente da Câmara dos Deputados. Segundo ela, a partir daí foi impossível conseguir aprovar os projetos que foram enviados por seu governo para solucionar a crise fiscal. Não bastasse isso, afirmou, surgiram na Câmara as “pautas-bombas”, com medidas que pressionavam os gastos.

Ao defender as políticas de seu governo, ela destacou até mesmo o Fundo Monetário Internacional tem reconhecido que redução de gastos pode ser contraproducente para que um país saia de situações de crise. Além disso, disse haver necessidade de cooperação entres os Poderes diante das crises cíclicos na economia, ao contrário de ações orientadas pela ideia do “quanto pior, melhor”.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)