Gleisi diz que prisão do marido foi tentativa de 'humilhação' e de afetar processo do impeachment

Da Redação | 27/06/2016, 16h52

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) discursou, nesta segunda-feira (27), sobre a prisão do marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, na Operação Custo Brasil, deflagrada há quatro dias pela Polícia Federal.  Ela classificou a ação policial de desnecessária, injusta e ilegal e afirmou que a intenção foi “humilhar publicamente” o casal e a família. A senadora criticou o aparato policial envolvendo helicóptero e armas pesadas, além da apreensão do computador do seu filho adolescente. Condenou também a cobertura ao vivo da imprensa, que chamou de espetáculo midiático.

— Foi uma clara tentativa de humilhar um ex-ministro nos governos Lula e Dilma, que colheu muitos elogios no exercício do seu cargo. É também a tentativa de abalar emocionalmente o trabalho crescente de um grupo de senadores e senadoras que discordam dos argumentos que hora vêm sendo usados para afastar uma presidente legitimamente eleita — disse.

A senadora disse que o casal tem origem modesta e destacou o caráter do marido, que jamais “admitiria desvio de dinheiro público”. Ela afirmou que o patrimônio do casal corresponde a dois imóveis comprados antes de 2004 e o apartamento financiado onde mora em Curitiba, adquirido em 2009, que é “confortável, mas jamais luxuoso”, completou.

O ex-ministro do Planejamento e das Comunicações é suspeito de receber R$ 7,6 milhões de propina em esquema irregular de contratação da empresa Consist, que atuava no Ministério do Planejamento e é acusada pelo Ministério Público de desviar dinheiro de empréstimos consignados. Para Gleisi, a prisão foi abusiva, sem provas e sem processo. “Um despropósito do início ao fim”, pois, desde o início do processo, em 2015, Paulo Bernardo nunca teria sido chamado para depor.

— Qual risco oferecia meu companheiro à ordem pública, à instrução processual, à aplicação da lei? Sempre esteve à disposição das autoridades em endereço conhecido. Nada incrimina meu marido além de delações que os advogados de defesa desconhecem na totalidade.

Ao concluir o pronunciamento, a senadora agradeceu pelas manifestações de apoio e especialmente à Mesa do Senado pela reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra parte da operação da PF em um imóvel de propriedade do Senado. No entendimento da Mesa, esse tipo de ação não poderia acontecer sem a autorização do STF.

Solidariedade

Em apartes, todos os integrantes da bancada do PT reiteraram a solidariedade a Gleisi Hoffmann. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) destacou o trabalho “combativo” da senadora e vários parlamentares pediram que ela continuasse a participar da Comissão do Impeachment.

O senador Jorge Viana (PT-AC), 1º vice-presidente do Senado, criticou o constrangimento a que a família da senadora foi submetida.  Os senadores José Pimentel, (PT-CE), Wellington Fagundes (PR-MT) e Paulo Rocha (PT-PA), companheiros de mandato e militância do ex-ministro Paulo Bernardo, ressaltaram a competência e a austeridade dele.

Para Paulo Rocha, a esquerda  sofre com “uma narrativa que a elite brasileira construiu contra ela”, em aliança com os setores judiciários, para tentar “criminalizar” os políticos. O líder do PT, Humberto Costa (PE), também considerou “uma agressão” a ação da polícia na sede do partido. E a senadora Fátima Bezerra (PT-RN) afirmou que o partido “não tem medo de investigação”.

Já a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) ressaltou a dor de Gleisi Hoffmann como mãe e mulher. Na avaliação dela, foi Gleisi “o verdadeiro alvo” no caso da prisão do marido, em função “do protagonismo” na Comissão do Impeachment.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)