Vanessa elogia Dilma por promessa de consulta popular para solucionar crise política

Da Redação | 10/06/2016, 13h21

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) saudou a presidente afastada Dilma Rousseff pela promessa de encaminhar consulta popular para que a sociedade possa apontar qual a saída para a crise política, a seu ver um indicativo a favor da antecipação das eleições. Vanessa comentou o assunto em Plenário, nesta sexta-feira (10), ao repercutir entrevista com Dilma veiculada pela TV Brasil na noite anterior.

Dilma, que falou ao jornalista Luis Nassif, admitiu que em sua volta ao cargo, se derrubado o impeachment, haverá a necessidade de consulta à população, único jeito de “lavar e enxaguar a lambança” do governo Temer e firmar novo “pacto” pela governabilidade. Para Vanessa, Dilma reconheceu que é preciso repactuar a “democracia através da democracia” e se dispôs a promover consulta “para que o povo diga se quer ou não antecipar as eleições”.

— Quero saudar o desprendimento da presidente Dilma, que foi eleita para um mandato de quatro anos, mas hoje vem a público e admite essa possibilidade — comentou a senadora, considerando que foi também um ato de coragem.

Vanessa mencionou que cerca de 30 senadores estiveram reunidos há poucos dias na casa de Roberto Requião (PMDB-PR), com o objetivo de debater a crise política e os caminhos para a superação. Segundo ela, a conclusão foi na mesma linha da apontada por Dilma, de que o “melhor caminho” para resolver a crise será buscar saída por meio de consulta popular.

Visão com “lupa”

A senadora repercutiu ainda recente palestra do ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro afirmou que, no presidencialismo brasileiro, “se você procurar com lupa, é quase impossível não encontrar algum tipo de infração, pelo menos de natureza orçamentária”. Depois, concluiu que o “impeachment acaba sendo, na verdade, a invocação do crime de responsabilidade, que você sempre vai achar, mais a perda de sustentação política”.

Para Vanessa, o ministro Barroso caracterizou exatamente a situação da presidente Dilma. Segundo ela, a rigor, os fatos que servem de base ao processo de impeachment, diante das leis e de entendimentos do próprio Tribunal de Contas da União (TCU), não são crimes de responsabilidade, a não ser na interpretação que se deseja atribuir. Ela se referia aos decretos que abriram recursos suplementares e ao fato de o governo, com base em lei de 1992, ter ficado um período sem pagar ao Banco do Brasil por despesas de equiparação de juros do Plano Safra.

— Nós devemos perguntar e, ao mesmo tempo, responder: esses dois feitos da presidente Dilma, em 2015, foram também feitos em anos anteriores, por ela, a presidente Dilma, ou pelo ex-presidente Lula, ou pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para não ir mais para trás? E a resposta será: sim. Todos eles agiram da mesma forma, todos! — concluiu, criticando as mudanças de entendimento.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)