Impeachment: senadores rejeitam suspeição de Anastasia e debatem processo contra Dilma

Da Redação | 02/06/2016, 19h49

Em votação nominal, a Comissão Especial do Impeachment confirmou a decisão do presidente Raimundo Lira (PMDB-PB) de rejeitar a suspeição do relator, o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). Foram 11 votos a favor e apenas três contrários. O relator se absteve. O pedido de suspeição foi protocolado na quarta-feira (1º) pelo advogado de defesa de Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo.

O andamento do processo de afastamento da presidente da República, Dilma Rousseff, voltou a provocar debate na Comissão Especial, durante reunião nesta quinta-feira (2).

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) disse que há falta de espaço para a defesa na comissão. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que o impeachment é uma tentativa de abafar a operação Lava Jato, da Polícia Federal, e pediu o acompanhamento de um organismo internacional sobre o processo. Já Regina Sousa (PT-PI) chamou o processo de golpe e criticou a intenção do governo interino de apressar o julgamento final do impeachment de Dilma Rousseff.

— Lamentavelmente, o que estamos vendo aqui é um tribunal de exceção, que suja a honra do Senado — disse a senadora.

Narrativa

Por outro lado, a senadora Ana Amélia (PP-RS) alegou que o “discurso do golpe”, já foi esvaziado, pois o STF confirmou a legalidade do processo. Para a senadora, que se declarou independente, acusou o PT de buscar uma narrativa falaciosa.

Ela também leu um artigo do blog O Antagonista para afirmar que o advogado José Eduardo Cardozo trabalhou, juntamente com o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, já falecido, contra a operação Lava Jato.

Em resposta, Cardozo negou a acusação e se disse “odiado” pelos envolvidos da Lava Jato. As acusações seriam apenas vingança, segundo ele. O advogado classificou as informações de “caluniosas”, e lamentou a atitude da senadora, principalmente pelo fato de Bastos não poder mais se defender.

Já senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que o presidente interino Michel Temer sofre acusações muito mais graves do que as imputadas a Dilma. Ela também afirmou que a "falta de espaço" para a defesa na comissão é um “golpe dentro do golpe”.

Lava Jato

A senadora Simone Tebet (PMDB-MS) criticou a “memória seletiva da defesa”, do PT e dos integrantes governo Dilma. Ela leu documento do Partido dos Trabalhadores com ataques à operação Lava Jato e disse que quem quer sabotar a Lava Jato é o PT. Simone Tebet lembrou ainda que Dilma realizou grandes cortes no orçamento da área social do governo, o que também contradiz a narrativa adotada pelo PT.

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) observou que a defesa não pediu a inclusão dos áudios das conversas de Dilma com o ex-presidente Lula, que a seu ver configuram tentativa de obstrução à Justiça. Também foram ignoradas, disse Cássio Cunha Lima, as transcrições do áudio de conversa do presidente do Senado, Renan Calheiros, com o ex-diretor da Transpetro, Sérgio Machado, no qual se defendia a nomeação de Lula como uma espécie de "primeiro ministro".

A senadora Lúcia Vânia (PSB-GO) abriu mão do tempo de discurso. O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) disse que abria mão “do que mais gosta de fazer, mostrar as mazelas do PT”, para apressar as votações.

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Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)