Embaixadores pedem acordos de cooperação com Estônia e República Dominicana

Marcos Magalhães | 03/03/2016, 14h14

Os embaixadores designados para representar o Brasil junto à Estônia e à República Dominicana defenderam a assinatura de acordos de cooperação tecnológica e um de facilitação de investimentos como meios de dar novo impulso, respectivamente, às relações com cada um dos dois países. As mensagens presidenciais contendo as duas indicações foram aprovadas nesta quinta-feira (3) pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e serão agora examinadas pelo Plenário.

Indicado para o cargo de embaixador do Brasil na Estônia, o ministro de segunda classe Roberto Colin — cuja mensagem teve como relatora a senadora Ana Amélia (PP-RS) — classificou o país báltico, de apenas 1,3 milhão de habitantes, como exemplo de como a inovação e o desenvolvimento tecnológico podem conquistar protagonismo no cenário internacional. Independente desde 1991, quando deixou a antiga União Soviética, a Estônia tornou-se sede do Centro de Defesa Cibernética da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em consequência de seus investimentos na tecnologia da informação.

— Várias delegações brasileiras estiveram na Estônia nos últimos anos para conhecer experiências como o governo digital. Tendo em vista esse potencial, considero urgente a assinatura de um acordo de cooperação científica e tecnológica — afirmou Colin, cujo trabalho com o senador Luiz Henrique no governo de Santa Catarina foi lembrado durante a reunião pelos senadores Dalírio Beber (PSDB-SC) e Paulo Bauer (PSDB-SC).

Investimentos

Indicado para o cargo de embaixador brasileiro na República Dominicana, o ministro de primeira classe Clemente de Lima Baena Soares, defendeu a celebração de um acordo de proteção de investimentos com aquele país como um bom estímulo ao relacionamento bilateral.

O comércio entre os dois países chegou a US$ 380 milhões, dos quais US$ 358 milhões em exportações brasileiras e apenas US$ 22 milhões em exportações dominicanas. Grandes empresas brasileiras, como Odebrecht e Andrade Gutierrez, têm realizado obras de ampliação da infraestrutura da República Dominicana, com financiamentos principalmente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Segundo o embaixador, cuja indicação teve como relator o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), o Brasil já se tornou o maior credor da República Dominicana. Em sua opinião, a aproximação com a região tende a beneficiar o Brasil.

— Vejo necessidade de reconsiderar a visão brasileira do Caribe. O Brasil é concebido como um Estado atlântico e latino, e não valorizamos bem a nossa dimensão caribenha. A Bacia do Caribe é definida por um paralelo entre Miami e Belém. Recebemos influência muito grande dessa região, e vejo boa possibilidade de integração dos estados do norte do Brasil com países do Caribe, como a República Dominicana.

Durante o debate, Flexa Ribeiro observou que o marqueteiro João Santana, preso pela Operação Lava Jato, teve sua prisão decretada enquanto trabalhava para a campanha de reeleição do atual presidente dominicano, Danilo Medina. Ele considerou “incrível coincidência” a presença naquele país de grandes empreiteiras brasileiras, especialmente desde 2003.

Já o senador Lasier Martins (PDT-RS) recordou que a República Dominicana chega a receber 6 milhões de turistas por ano, enquanto o Haiti, localizado na mesma ilha, permanece como o país mais pobre da região. O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) também ressaltou a forte presença do turismo na economia dominicana, enquanto o senador Telmário Mota (PDT-RR) defendeu o estímulo de exportações agrícolas de Roraima ao Caribe.

O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) alertou para a possibilidade de milhares de haitianos, atualmente residentes na República Dominicana, terem de retornar ao Haiti, em consequência de uma decisão da Suprema Corte dominicana que restringe a permanência no país de muitos dos imigrantes haitianos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)