Collor diz ter provas de que Janot mentiu durante sabatina

Da Redação | 31/08/2015, 16h43

O senador Fernando Collor (PTB-AL) apresentou nesta segunda-feira (31), em Plenário, 19 documentos que classificou como provas contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Boa parte deles, segundo o senador, são provas de que o Janot mentiu quando foi sabatinado para a recondução ao cargo. A sabatina foi feita na última quarta-feira (26), e a recondução foi aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e, logo depois, pelo Plenário.

Segundo o senador, Janot não só faltou com a verdade em algumas respostas, como também tangenciou em outras e deixou de responder a algumas das perguntas que lhe foram feitas durante a sabatina na CCJ, com “cara de paisagem”.

— Mentiu o sr. Janot perante a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Mentiu o sr. Janot perante o Senado da República, os seus integrantes e, pior, mentiu perante a nação brasileira. Desrespeitou as nossas instituições— afirmou.

Entre os vários pontos questionados por Collor, está o caso da empresa Orteng, na qual Janot teria atuado como advogado cumulativamente com o cargo de subprocurador-geral da República. Janot teria atuado em ação contra empresa com participação de capital estatal, ou seja, contra a União. Para o senador, o ponto ficou em aberto na sabatina, dadas as evasivas do procurador-geral.

Collor também acusou Janot de ter fugido da resposta a questionamento sobre a falta de investigação, pelo Ministério Público, das sociedades de propósitos específicos (SPEs) em ação no Tribunal de Contas da União (TCU). Segundo o senador, a falta de manifestação, apesar da solicitação do TCU para que Janot se manifestasse sobre o assunto, pode ter relação com o fato de a Orteng ser a principal sócia nas SPEs.

— E o sr. Janot, será que continua representando, ainda que ocultamente, os interesses da Orteng, mesmo sendo procurador-geral da República? Sobre isso ele também deu uma, digamos, de joão sem braço — disse.

Foragidos

Outro ponto da sabatina que não foi esclarecido por Janot, segundo Collor, é a denúncia de que ele teria abrigado dois estelionatários em sua casa em Angra dos Reis (RJ). Os dois, disse Collor, eram procurados pela polícia internacional, a Interpol, e um deles era irmão de Janot.

Collor também citou casos de possíveis irregularidades em contratações da Procuradoria-Geral da República (PGR). As contratações são de Raul Pilati Rodrigues, que trabalhou como diretor da Secretaria de Comunicação Social da PGR, e de um cerimonialista.

O senador também acusa o procurador-geral de ter mentido sobre o aluguel de uma mansão no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, em contrato sem licitação; sobre a autoria dos vazamentos de informações sob segredo de justiça; e sobre suas intenções políticas. Collor mostrou uma foto de Janot com um cartaz em que era elogiado, que classificou como mais uma prova.

Outros pontos

Segundo o senador, outros questionamentos, como a existência de um serviço de inteligência dentro do Ministério Público Federal conhecido por “Abinzinha”, em referência à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), não puderam ser feitos durante a sabatina por falta de tempo. Apesar de o tempo da sabatina não permitir o esclarecimento dos fatos e de a mídia ser, na maioria das vezes, parcial, na visão de Collor, a verdade vai ser revelada “de forma clara e incontestável aos olhos de todos”.

— Ele ainda deve muitos esclarecimentos e, tenho certeza, não vai demorar para que a população brasileira e a grande mídia percebam que o procurador-geral da República está longe, muito longe, a anos-luz de ser a probidade em pessoa.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)