Agenda proposta por Renan para recuperação da economia gera debate no Plenário

Da Redação | 11/08/2015, 22h01

A “Agenda Brasil”, proposta pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, como forma de contribuir com a recuperação econômica no país, provocou várias manifestações no Plenário. Enquanto grande parte dos senadores elogiou a iniciativa e criticou a votação de projetos da chamada pauta-bomba pela Câmara, senadores da oposição acusaram o governo de ser o principal responsável pela crise. Governistas, por sua vez, pediram a união dos partidos em prol do país.

A agenda proposta pelo presidente do Senado contém cerca de 30 propostas iniciais, que podem ser aprimoradas após discussão entre os senadores. A intenção é contribuir na busca de soluções que apontem para o reaquecimento da economia, aperfeiçoamento da segurança jurídica e melhoria do ambiente de negócios no país. Após o pronunciamento de Renan, os senadores se manifestaram durante duas horas e meia sobre as propostas.

O líder do bloco da oposição, Alvaro Dias (PSDB-PR), elogiou a agenda proposta pelo presidente do Senado. Para ele, as razões da crise na economia brasileira são a estrutura exagerada da máquina pública, que produz “gastos exorbitantes”; a dívida pública que cresce “de maneira assustadora”; e a ausência de um programa de fiscalização e controle dos gastos públicos com eficiência. O governo precisa, na opinião do senador, promover uma reforma na sua estrutura para ter autoridade de propor um ajuste fiscal.

— Nós queremos mais ousadia, mais coragem do governo na direção de mudanças fundamentais, com reformas essenciais para o futuro do país. Essa ousadia tem que atingir exatamente a essência da crise — cobrou Alvaro Dias.

Ao elogiar a atitude do presidente do Senado de propor a agenda, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) disse que cabe à classe política apoiar o que for melhor para o país. O senador criticou a aprovação, pela Câmara, de itens da chamada “pauta-bomba” e disse que o Senado cumpriu a sua parte ao apresentar propostas concretas para tirar o país da crise.

— Acho que hoje o Senado cumpriu a sua obrigação. Quem está lá fora, o povo, quer é proposta, coisa concreta para tirar o país da crise. Quem está lá fora está preocupado com o seu emprego, com a sua empresa, com pagar os financiamentos que obteve, com o futuro — afirmou Jader.

Ele também criticou a oposição. Disse que as mesmas empreiteiras que contribuíram com a campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República também repassaram recursos à campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Além disso, o ministro da Fazenda Joaquim Levy, "um homem do mercado", no entender de Jader é "melhor" do que o nome que a oposição anunciou na campanha eleitoral para conduzir a economia do país. O senador do PMDB afirmou ainda que, com a agenda apresentada por Renan, o Senado assume a tarefa de contribuir para a superação da crise econômica.

Responsabilidade

O líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), por sua vez, apontou a existência de uma crise econômica, política e ética que gera um ambiente de incerteza e que o governo sequer tinha a humildade de assumir há poucos dias. Para o senador, o governo é o único responsável pela crise no campo econômico, e a oposição não pode ser responsabilizada pela crise política, originada no próprio Palácio do Planalto.

— Se olharmos a crise na sua dimensão política, vamos observar que as oposições brasileiras, que, juntas, não somam 20% do Senado Federal nem 20% da Câmara dos Deputados, não podem ter qualquer responsabilidade sobre essa crise política — disse o senador, que colocou o PSDB à disposição a ajudar na construção da agenda, desde que haja humildade por parte do governo.

Já para a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), a oposição tem, sim, responsabilidade, porque muitas das medidas que o governo quer votar hoje foram defendidas pelos atuais opositores no passado. A senadora disse que a votação de uma pauta-bomba na Câmara não é contra a presidente Dilma Rousseff, mas contra o país, e apontou a crise política ao resultado acirrado das eleições.

— Há uma dificuldade imensa da oposição de reconhecer o resultado. Querem ganhar a eleição, novamente, em um terceiro turno.

A senadora também negou que a crise seja culpa do governo e a atribuiu à crise internacional como um dos fatores que contribuem para agravar as dificuldades econômicas do Brasil.

Impeachment

O líder do DEM, Ronaldo Caiado (DEM-GO), destacou a necessidade de acordos entre os líderes para que a agenda proposta por Renan não fracasse e não seja encarada como “mais um teatro”. O senador acusou o governo de alimentar a discórdia e apontou, no PMDB, falta de convergência interna por falas discordantes entre o presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros. Caiado disse que a crise econômica e política foi causada diretamente pela presidente da República, e a solução da crise virá com o impeachment.

— A crise neste país vai ser resolvida imediatamente tão logo o PT e a presidente Dilma saiam do comando do país. Nesse momento, a população brasileira vai se encorajar, vai acreditar no país, vai voltar a investir, vai existir a tranquilidade — disse o senador, frisando que a Constituição brasileira prevê impeachment em caso de crimes cometidos pelo chefe do Executivo.

A senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) destacou o papel da oposição como fundamental no processo. Ela ressaltou que é preciso ouvir os senadores que não são da base do governo antes de debater as propostas com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. O senador Jorge Viana (PT-AC), por sua vez, pediu a colaboração da oposição para que o país siga “sem golpes, sem esperteza, sem atalhos”.

O líder do PR, senador Blairo Maggi (MT), elogiou a agenda proposta por Renan e pediu calma aos colegas para que não embarquem na “loucura” que a Câmara fez nos últimos dias.

— A nação brasileira não pode pagar por problemas pessoais de um, de dois, de A ou de B ou de C. A nação brasileira precisa ter calma para se reconstruir.

Também se manifestaram positivamente sobre a agenda proposta por Renan os senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ), Hélio José (PSD-DF), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Cristovam Buarque (PDT-DF), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Donizete Nogueira (PT-TO) e Eduardo Amorim (PSC-SE).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)