Senadores divergem sobre mensagem do Executivo

Da Redação | 02/02/2015, 19h36

A mensagem enviada ao Congresso Nacional pela presidente Dilma Rousseff causou divergência entre os senadores. O texto foi entregue aos parlamentares pelo ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e lido pelo deputado Beto Mansur (PRB-SP) durante cerimônia na tarde desta segunda-feira (2).

O líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PB), criticou a mensagem — que, a seu ver, evidenciaria a desconexão do governo com a realidade do país. Ele citou como exemplo o fato de o texto ter até “elogios à Petrobras”. O líder classificou as medidas de austeridade do governo como “estelionato eleitoral”, garantiu que seu partido vai lutar contra a diminuição de direitos trabalhistas e definiu a ausência da presidente no evento como uma “afronta ao Legislativo”.

— É um desapreço a presidente não vir pessoalmente ao Congresso Nacional. Nada pior do que governo que se desloca da realidade — afirmou o senador.

Para o senador José Serra (PSDB-SP), a ausência da presidente não chega ser grave, pois a presença “não é o costume” nesse tipo de evento. No entanto, segundo Serra, a mensagem do governo parecia tratar de outro país, “talvez do hemisfério norte”. Na visão do senador, a oposição precisa mobilizar a população e tratar dos grandes temas nacionais. Ele acrescentou que o Congresso tem o dever de acompanhar a situação da Petrobras, que hoje é o principal tema do país.

— A situação [do país] não é boa, é bastante desconfortável. O PT não sabe o que fazer com o país. O que a gente vê é um governo alienado — lamentou Serra.

O líder do DEM, senador Ronaldo Caiado (PSDB-GO), afirmou que a mensagem é uma “sucessão de mentiras” e “carece de credibilidade”. Para ele, o texto apresentado por Dilma deixou a desejar e não tem nenhuma compatibilidade com a crise que está acontecendo no Brasil.

— Foi mais uma propaganda de ficção do que uma  mensagem que pudesse trazer qualquer sentimento nesse momento grave que passa a economia brasileira, junto com uma crise social que se instala a todo instante — protestou.

Governo

Já a base governista elogiou a mensagem de Dilma. Jorge Viana (PT-AC) afirmou que a mensagem faz um chamamento para que os parlamentares deixem de lado o clima de disputa eleitoral e se empenhem em uma agenda legislativa que atenda aos interesses do cidadão.

— Tomara que com uma boa agenda e com muito trabalho possamos trazer de volta o prestígio para a Câmara e para o Senado. Temos um dever de casa a fazer, que é procurar resgatar o respeito da sociedade com o Legislativo — disse.

Na mesma linha, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) destacou a importância de os parlamentares construírem uma harmonia entre os Três Poderes. Para ele, não deve haver nenhum tipo de perpetuação de disputa e o Congresso deve buscar união para vencer as dificuldades que os brasileiros enfrentarão nos próximos meses.

O senador Humberto Costa (PT-PE) destacou a ênfase na reforma política, mas ponderou que a responsabilidade sobre o assunto é do Legislativo. Para Humberto, a questão do financiamento de campanha precisa de uma “decisão rápida”. Ele ainda criticou a oposição, que promete votar contra as propostas de ajuste fiscal do governo.

— A oposição tem que pensar mais no país e menos em seu próprio projeto de poder — declarou.

Humberto afirmou que a população brasileira sabe que o Brasil está vivendo um momento difícil e que é preciso a tomada de certas medidas amargas para que o país retome o seu crescimento. O senador pediu aos líderes diálogo e apoio na votação dessas medidas.

De acordo com o líder do PMDB, senador Eunício Oliveira (CE), o país precisa da reforma política e da reforma tributária — temas da mensagem de Dilma. Eunício cobrou entendimento sobre um novo pacto federativo e disse que o PMDB está disposto a ajudar o governo a fazer o país voltar a crescer. Ele acrescentou que seu partido “não faltará ao Brasil” na questão da governabilidade, mas observou que o PMDB será contrário ao aumento de impostos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)