Jarbas Vasconcelos se despede do Senado para assumir mandato de deputado

Da Redação | 01/12/2014, 19h59

Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) fez seu discurso de despedida do Senado nesta segunda-feira (1º).  Aos 72 anos, ele encerrará o mandato como senador no dia 31 de janeiro de 2015 para assumir o mandato de deputado federal.

Jarbas Vasconcelos, que já foi governador de Pernambuco e prefeito do Recife, volta à Câmara dos Deputados depois de três décadas para assumir mais um mandato com a promessa de continuar a lutar pelas reformas institucionais e pelo seu estado, além de manter a postura oposicionista adotada nos últimos anos.

Entre os projetos de sua autoria nos oito anos de Senado, Jarbas Vasconcelos destacou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18/2013, que torna automática a perda do mandato de parlamentar nas hipóteses de improbidade administrativa ou de condenação por crime contra a administração pública, por meio do Supremo Tribunal Federal (STF).

A PEC 18 foi aprovada por esta Casa com apenas um voto contrário. Infelizmente, a Câmara dos Deputados não deu a devida atenção ao assunto e, até hoje, não foi encaminhada para votação no Plenário — lamentou.

O parlamentar também ressaltou a falta de avanços da reforma política - sua principal bandeira. Ele apontou o fim das coligações proporcionais, a adoção da fidelidade partidária e da cláusula de barreira como medidas fundamentais para fortalecer os partidos e evitar as legendas de aluguel.

Eu chego ao término deste mandato de Senador com a sensação do dever cumprido. Tenho a firme convicção de que me dediquei com afinco e determinação ao exercício desta representação parlamentar.  Todas as propostas que apresentei nestes quase oito anos tiveram o objetivo de aperfeiçoar os instrumentos disponíveis na nossa ainda jovem democracia — afirmou.

Jarbas Vasconcelos fez várias críticas ao governo que acusou de tentar esvaziar o poder do Congresso Nacional e de coibir a liberdade de imprensa. Ele ainda citou os escândalos bilionários do mensalão e da Petrobras e disse ter consciência “do elevado preço que pagou” por ser dissidente do próprio partido e não comungar das ideias defendidas pelo PT.

Na democracia, é assim que deve funcionar: quem ganha vai trabalhar para cumprir o que prometeu; quem perde vai para a oposição cobrar as promessas feitas e mostrar que era possível fazer diferente — disse.

Nordeste

O senador também reforçou o compromisso de melhorar os indicadores sociais do Nordeste. Segundo ele, mesmo com benefícios como a bolsa-família, a região continua a receber menos recursos do que deveria e precisa elevar os níveis de desenvolvimento.

Precisamos também de uma infraestrutura moderna, com saneamento, abastecimento d'água, estradas, rodovias e portos. Necessitamos de tudo isso, pautados na lógica de uma política de desenvolvimento regional que mude a realidade das pessoas mais humildes, com educação, saúde e emprego qualificados — disse.

Apartes

Em apartes, vários senadores se despediram de Jarbas Vasconcelos, exaltaram a boa convivência e ressaltaram a postura combatente e a independência do político.

Blairo Maggi (PR-MT) e Eduardo Amorim (PSC-SE) declararam que o senador é uma referência para a construção do seu pensamento político. Já o senador Paulo Paim (PT-RS) recordou que todos os projetos apresentados por ele tiveram o apoio de Jarbas Vasconcelos.

Valdir Raupp ( RO-PMDB) reconheceu que Jarbas engrandeceu o partido pelos ideais e pela postura política. O líder do DEM, José Agripino (RN) disse que o país é muito carente de valores respeitáveis como o senador pernambucano.

Cristovam Buarque (PDT-DF) relembrou a trajetória dos dois nos últimos 40 anos, como “militantes da democracia”.

O senhor vai fazer muita falta, não apenas pela amizade que nós temos, mas, sobretudo, pelos seus discursos enfáticos, pela sua posição coerente, pela lucidez como se apresenta sempre — disse Cristovam.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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