Oposição considera 'manobra' participação de Graça Foster em audiência no Senado

Da Redação | 14/04/2014, 17h55

A presença da presidente da Petrobras, Graça Foster, no Senado, nesta terça-feira (15), para explicar denúncias de irregularidades na estatal, é criticada por senadores da oposição. Para eles, trata-se de uma manobra do governo para evitar a instalação da CPI, mas a estratégia não terá sucesso.

– Quando vem autoridade do governo ao Congresso Nacional, não vem para revelar, vem para esconder. Vem para escamotear a realidade. Já estamos acostumados com isso. Mas é uma manobra que não terá repercussão e muito menos sucesso – afirmou o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), que comandou a coleta de assinaturas para a CPI da Petrobras.

O senador antecipou que, apesar do modelo de depoimento em audiência pública dificultar a arguição da presidente da Petrobras, a oposição já tem um roteiro pronto de perguntas a serem feitas. Os questionamentos estão fundamentados no trabalho de investigação das denúncias e, segundo ele, vão além do que foi noticiado na imprensa.

Um dos questionamentos será quanto à suposta omissão do governo no caso da compra da refinaria de Pasadena em 2006. Isso porque, apesar de as denúncias terem sido divulgadas pela primeira vez em 2012, o governo não tomou nenhuma providência quanto ao caso na época.

Ações isoladas

Para o vice-líder do PT na Casa, senador Anibal Diniz (PT-AC), Graça Foster fornecerá aos senadores os esclarecimentos necessários. Ele disse que a ministra é uma pessoa preparada e tem todas as informações sobre a gestão da Petrobras. Para Anibal, as denúncias são fruto de “descaminhos que aconteceram por obra e ações de pessoas isoladamente” e não de um partido ou da direção da empresa.

Sobre a necessidade de se instalar uma CPI, o vice-líder argumentou que só será possível fazer essa análise depois da audiência com Graça Foster. Ele adiantou, porém, que, sendo a CPI um importante instrumento de investigação, deve ser usado para todo tipo de denúncia.

– É fundamental que se faça investigação de tudo, que não se escolha apenas a Petrobras para ser investigada, quando sabemos que no Brasil há outras denúncias que precisam ser esclarecidas, como o caso do metrô paulista – cobrou.

Embora questione a CPI com foco exclusivo na Petrobras, por supostamente tratar de denúncias "desconexas", o governo também defende uma comissão mais ampla, que investigue também contratos dos metrôs de São Paulo e do Distrito Federal e obras do Porto de Suape.

Audiência conjunta

Graça Foster será ouvida nesta terça, às 10h, em audiência pública conjunta das Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). A iniciativa de organizar a reunião foi do presidente da CAE, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que diz ter ouvido da executiva o desejo de conversar com os senadores.

Audiências com Graça Foster e também com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, chegaram a ser marcada para o início de abril, mas foi cancelada pelo governo em razão da insistência da oposição em instalar uma CPI exclusiva para apurar as denúncias na estatal.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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