Indicado para embaixada do Brasil no Azerbaijão é aprovado pela CRE
simone-franco | 11/04/2013, 14h05
Depois de abrir, em 2008, a embaixada do Brasil em Burkina Faso, pequeno país da África com 17 milhões de habitantes e carente de recursos naturais, o embaixador Santiago Luis Bento Fernández Alcázar deverá exercer a função, agora, na República do Azerbaijão, na Ásia. A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou, nesta quinta-feira (11), sua indicação para o cargo. A mensagem da Presidência da República (MSF 8/2013) deverá ser votada ainda pelo Plenário do Senado.
A peculiaridade de ambos os postos diplomáticos, localizados em países distantes e estranhos à realidade brasileira, chamou a atenção dos senadores Ana Amélia (PP-RS) e Sodré Santoro (PTB-RR) e levou o embaixador a falar um pouco de sua experiência e a traçar perspectivas para seu desafio futuro. O movimento do governo brasileiro no sentido de se aproximar diplomaticamente destes países é visto de forma positiva por Santiago Alcázar.
- Uma das coisas importantes da diplomacia é permitir a criação de uma lente para entender realidades que não nos tocam diretamente. Se nós nos fecharmos e não sairmos para o mundo, nós não teremos uma compreensão do mundo mais sofisticada do que essa que nos toca diretamente. Hoje, nós temos uma compreensão sobre a África ocidental que não tínhamos antes – justificou.
Azerbaijão
Pouco menor que Portugal, o Azerbaijão conta com nove milhões de habitantes e, ao contrário de Burkina Faso, tem uma reserva expressiva de petróleo, que rende ao país a produção diária de um milhão de barris. Santiago Alcázar acredita que as reservas de gás natural são ainda mais importantes que as de petróleo, produtos que respondem por 60% do Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 60 bilhões ao ano.
O petróleo é a causa de um contencioso entre o Azerbaijão e a ex-União Soviética, da qual o país fez parte até 1991, quando conquistou sua independência. Trata-se da região denominada Nagorno-Karabakh, que concentra não só as reservas deste combustível fóssil, mas também uma população predominantemente de origem armênia, o que gera ainda conflitos étnicos.
- O Brasil tem relações diplomáticas com o Azerbaijão desde 1993 e abriu a embaixada em 2009. São relações ainda muito incipientes. Não temos experiência de conviver com tantos conflitos em região tão pequena e com tão grande potencial energético – admitiu o embaixador.
Santiago Alcázar informou ainda que o Azerbaijão, que exporta US$ 35 bilhões, praticamente de petróleo e derivados, e importa US$ 10 bilhões anualmente, tem um comércio pequeno com o Brasil. O diplomata acredita que aquele país poderá se tornar autossuficiente na produção de alimentos, já que dispõe de terras cultiváveis em mais da metade de seu território. Ele ressaltou a política social bem sucedida, que levou ao pleno emprego e reduziu o contingente que vive abaixo da linha de pobreza a 7% da população do país.
Também participaram da sabatina os senadores Luiz Henrique (PMDB-SC), Sérgio Souza (PMDB-PR) e Cristovam Buarque (PDT-DF).
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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