Parlamentares destacam visão futurista do Marquês de Paranaguá
Soraya Mendanha | 05/11/2012, 20h45
Em sessão solene para lembrar o centenário da morte de João Lustosa da Cunha, o Marquês de Paranaguá (1821-1912), parlamentares destacaram a visão futurista do político durante toda a sua atuação política.
Na opinião do senador Wellington Dias (PT-PI), que assinou o requerimento para a homenagem com o deputado Paes Landim (PTB-PI), merece destaque, entre as muitas ações do Marquês de Paranaguá, o seu empenho em transformar as agruras do homem nordestino em grandes questões que exigem solução nacional e sua luta constante pela sensibilização da sociedade brasileira para o problema da seca, da miséria e da pobreza no nordeste.
- Estavam enunciados ali os princípios das políticas públicas de redistribuição de renda, que notabilizam e singularizam as experiências de gestão do meu partido, o PT, que tanto foco deposita na superação das condições desiguais de desenvolvimento do Brasil e, de modo especial, do Nordeste. Era uma perspectiva de inclusão que estava sendo enunciada – avaliou o senador.
Wellington Dias também registrou que o Marquês de Paranaguá é considerado um dos pais fundadores da nação brasileira, tendo auxiliado a definir os contornos do ordenamento jurídico do país após a emancipação política. O senador destacou ainda a contribuição do político em campos como o da administração, da economia e das finanças e, principalmente, o seu pendor para a moderação e a mediação de conflitos, com negociações em busca de consenso, da preservação da integridade e da coerência.
- Tinha lhana no trato, cortesia nas relações pessoais, habilidade em resolver questões polêmicas – disse.
O deputado Paes Landim (PTB-PI) destacou a “visão iluminada” do Marquês de Paranaguá ao sustentar bandeiras fundamentais para o desenvolvimento do Piauí, recorrentes até os dias atuais, como a navegabilidade do rio Parnaíba e a interligação das águas dos rios Parnaíba e São Francisco.
- É importante dizer que, em razão da sua luta, foi criada depois a Companhia de Navegação do Rio Parnaíba – destacou.
Paes Landim destacou a necessidade de resgatar mais os documentos que registram a importância do marquês. Ele relatou que o escritor Chico Castro descobriu, por conta própria, uma vasta documentação de João Lustosa, doadas por seus descendentes, no Museu Imperial de Petrópolis.
Chico Castro sugeriu que o Senado digitalize o arquivo de documentos de Petrópolis. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) considerou a sugestão relevante e afirmou que vai transmitir o pedido ao presidente José Sarney. O deputado Hugo Napoleão (DEM-PI) também se pronunciou sobre a importância do marquês para o país.
Biografia
Nascido em uma fazenda na antiga freguesia de Nossa Senhora do Livramento, no sul do Piauí, o Marquês de Paranaguá veio a ser um dos mais ilustres políticos brasileiros e um dos mais eminentes homens públicos do Piauí durante o 2º Reinado (1840-1889).
João Lustosa da Cunha Paranaguá (1821-1912), 2º visconde e marquês de Paranaguá, atuou durante quarenta anos na política, de 1850 à implantação da República, em 1889.
Deputado na Assembléia Geral de 1850 a 1864, foi eleito, em 1865, senador vitalício, cargo que ocupou até à queda do Império. Entrelaçou a atividade parlamentar com a de presidente das províncias do Maranhão, Pernambuco e Bahia e a de ministro do imperador D. Pedro II, tendo sido titular das pastas da Justiça, da Guerra, da Fazenda, além de ter presidido o Conselho de Ministros.
Nomeado conselheiro de Estado, foi ainda ministro dos Negócios Estrangeiros. De conservador a chefe liberal, conforme o historiador Tavares de Lyra, o marquês teve suas iniciativas parlamentares, dentre as quais se destacam as reformas hipotecária e do Exército e a Lei de Execuções, publicadas nos anais da Câmara e do Senado.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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