São Luís pode perder título de Patrimônio Histórico da Humanidade, adverte Epitácio Cafeteira

Da Redação | 07/08/2008, 16h19

O acervo de casarões antigos de São Luís está sendo degradado a ponto de 50 deles terem sido transformados em estacionamentos públicos. Em discurso nesta quinta-feira (7), o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) chamou a atenção para os resultados da vistoria feita no centro histórico da capital do Maranhão pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que atestou a degradação.

De acordo com o parlamentar, em recente pronunciamento, o presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, informou que São Luís corre o risco de perder o título de Patrimônio Histórico da Humanidade concedido pela Unesco - o braço cultural a Organização das Nações Unidas.

- Lamentável e muito grave esse processo de descaracterização do Centro Histórico de São Luís, reconhecidamente o mais homogêneo conjunto arquitetônico de origem portuguesa na América Latina. É um verdadeiro atentado à história e à própria identidade do povo maranhense, que tem com aquela cidade uma relação de amor e muito orgulho - protestou Cafeteira.

Na opinião do senador petebista, não há porque culpar o Iphan pelas conclusões da vistoria, quando o Maranhão é que deixou de cuidar do patrimônio histórico de sua capital. Ele disse que, durante seu mandato como governador, a situação foi oposta. O senador se referia ao Projeto Reviver, mediante o qual o centro histórico original da cidade de São Luís, com obras do século XVII, foi reconstruído.

- Quando assumi o governo do estado do Maranhão, em 1987, estava consciente da necessidade mais urgente de recuperar o patrimônio arquitetônico de São Luís, sob pena de presenciar sua galopante deterioração - contou o senador.

Cafeteira contou que, para recuperar o centro histórico, além dos desafios de ordem financeira, já que se utilizaram recursos estaduais, foram superadas outras dificuldades, como a de reinstalar um ambiente antigo numa infra-estrutura urbana complexa, fruto do crescimento desordenado.

Redes de água, esgoto e drenagem foram refeitas. As galerias subterrâneas, obra de engenharia hidráulica redescoberta durante as prospecções da área, foram desobstruídas e reparadas. A iluminação pública e o sistema de telefonia, descrito pelo senador como "um emaranhado de cabos e fios", foram substituídos por cabos subterrâneos especiais, devolvendo-se o visual de antes com a instalação de réplicas dos postes de ferro e lampiões coloniais.

Segundo Cafeteira, com a conclusão do projeto, houve geração de empregos, atração de turistas, criação de espaços culturais e de lazer, mas, principalmente, verificou-se a recuperação da auto-estima do maranhense.

- Não podemos compactuar com o desprezo pelo passado. Só podemos compreender o presente, nossa cultura e nossa identidade, percebendo e preservando todos os traços de sua construção, e a arquitetura de antes tem muito a nos dizer - assinalou o parlamentar. 

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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