Leonel de Moura Brizola foi o único político eleito pelo povo a governar dois estados

Da Redação | 10/06/2008, 18h58

Nascido a 22 de janeiro de 1922, Leonel de Moura Brizola foi um dos maiores líderes nacionalistas do Brasil até sua morte, em 21 de junho de 2004, aos 82 anos, no Rio de Janeiro. Foi o primeiro e até agora único político brasileiro eleito pelo povo a governar dois estados diferentes, o Rio Grande do Sul (1959-1963) e o Rio de Janeiro (1983-1987 e 1991-1994). Foi considerado herdeiro político de Getúlio Vargas e João Goulart. Por toda a vida, Brizola defendeu a educação, a reforma agrária e a distribuição de renda. "Precisamos inundar o país de consciências esclarecidas", dizia.

Brizola nasceu no povoado de Cruzinha, que pertenceu ao município de Passo Fundo (RS) até 1931, e hoje está na jurisdição do município de Carazinho. Filho de camponeses, teve infância e adolescência pobres, tendo que estudar e trabalhar ao mesmo tempo. Seu pai, José de Oliveira Brizola era lavrador e morreu lutando na Revolução Federalista de 1923. Foi alfabetizado pela mãe, Onívia de Moura Brizola.

Em 1939, Brizola formou-se técnico rural. Trabalhou como graxeiro em refinaria de Gravataí (RS). Mudou-se para Porto Alegre em 1940, trabalhando no serviço de parques e jardins da prefeitura. Em 1949, graduou-se engenheiro civil pela Universidade do Rio Grande do Sul, profissão que nunca exerceu. Simpatizante de Getúlio Vargas, entrou no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em 1945 - ano da fundação do partido por Vargas - e foi eleito deputado estadual pela legenda em 1947.

Em março de 1950, Brizola casou-se com Neusa Goulart, irmã do então deputado estadual João Goulart. O próprio Vargas foi padrinho do casamento. Também em 1950, Brizola foi reeleito deputado estadual. Já em outubro de 1954, foi eleito deputado federal, tomou posse em 55, mas em outubro do mesmo ano foi eleito prefeito de Porto Alegre.

Brizola ganhou a eleição para o governo gaúcho em 1958 e, durante sua gestão, criou a Caixa Econômica Estadual, a Aços Finos Piratini e a Companhia Riograndense de Telecomunicações. Construiu mais de 5.800 escolas primárias,275 escolas técnicas e 131 ginásios e escolas normais.

Em meados dos anos 1960 Brizola mudou-se para o Rio de Janeiro. E, em 1962, foi eleito deputado federal pelo estado da Guanabara. Viveu no exílio depois do golpe militar brasileiro de 1964. Exilou-se de 64 a 77 no Uruguai, sendo expulso do país por pressão da ditadura brasileira, e continuou o exílio nos Estados Unidos, retornando ao Brasil apenas em 1979, com a Lei da Anistia. No retorno, perdeu o direito de usar a legenda PTB e fundou, em maio de 1980, o Partido Democrático Trabalhista (PDT), pelo qual foi eleito governador do Rio de Janeiro em 1983.

Como governador do Rio criou os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), e, em 1983, iniciou a construção, com projeto de Oscar Niemeyer, da Passarela do Samba Professor Darcy Ribeiro, o Sambódromo. Em 1984, apoiou a campanha pelas eleições diretas para a Presidência da República, que ficou conhecida como Diretas-Já.

Em 1989 ficou em terceiro lugar nas primeiras eleições diretas para a Presidência da República após a ditadura, apoiando o candidato Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno. Durante essa eleição, criou o apelido "filhote da ditadura" para Paulo Maluf e "sapo barbudo" para Lula, que também disputavam o pleito.

Em 1990, é novamente eleito governador do Rio de Janeiro. Em 93, criou a Universidade Estadual do Norte Fluminense. Disputou a Presidência da República novamente em 1994, tendo como vice Darcy Ribeiro, mas teve fraco desempenho na eleição. Em 1998, foi candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva. Foi também vice-presidente da Internacional Socialista.

Neusa Brizola faleceu em 1993 e, nos últimos dez anos da vida de Brizola, sua companheira foi Marília Martins Pinheiro.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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