Gás natural e novas hidroelétricas são os grandes desafios no planejamento estratégico da energia

Da Redação | 20/03/2007, 22h03

A criação de redes de distribuição de gás natural para elevar o aproveitamento desse combustível no Brasil é um dos grandes desafios do planejamento estratégico. O governo pretende ampliar a participação do gás na chamada matriz energética dos atuais 9% para 15% até 2030, segundo o ministro de Minas e Energia, Silas Roundeau, mas isso depende do aumento da segurança para os investidores na construção e exploração dos gasodutos, de acordo com o diretor de Energia e Gás da Petrobras, Ildo Sauer.

Rondeau e Sauer participaram do primeiro debate promovido pela liderança do Bloco de Apoio ao Governo no Senado sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e Temas Estratégicos. Esteve presente também o diretor-presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, que falou sobre dificuldades semelhantesàs do gás com relação aos investimentos em novas hidroelétricas: em função de riscos ambientais e sociais (indenizações a ocupantes de terras), os empreendedores têm elevado suas expectativas de custos.

No caso do gás, Sauer explicou queos investidores precisam ter segurança sobre a possibilidade de retorno do capital investido, uma vez que ainda há questões indefinidas relacionadas ao consumo, como a utilização por termoelétricas, que só operam quando há baixa dos reservatórios das hidroelétricas.

A possibilidade de troca de usinas hidroelétricas por termoelétricas nos projetos do PAC foi abordada pelo ministro, que disse ser possível alterar o programa em face de problemas ambientais ou de ordem social. A explicação foi dada a partir de pergunta da coordenadora do debate e líder do Bloco, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que mencionou o inconformismo de uma parcela da população de Santa Catarina com a construção de um hidroelétrica no estado. O que se discute em Santa Catarina é, alternativamente, a construção de usinas térmicas a carvão do mesmo molde das que existem no Rio Grande do Sul.

Roundeau observou que o governo está projetando suas necessidades de crescimento na oferta de energia levando em conta um crescimento médio da economia de 4,2% nos próximos 25 anos. Crescimento acima dessa média - como cogitou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) - exigirá "correção de rumos", nas palavras do ministro.

Embora a expectativa até 2030 seja a de reduzir a participação da energia hidroelétrica na matriz energética - de 82% para 76% - o diretor-presidente da Aneel disse ser da opinião que esta é ainda a fonte de energia mais limpa e mais barata para o país. O Brasil ainda estaria utilizando apenas 30% do potencial de seus rios.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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