Indústria têxtil brasileira está em crise, alerta Agripino

Da Redação | 14/02/2007, 19h35

Ao discursar nesta quarta-feira (14) em Plenário, o líder do PFL, senador José Agripino (RN), alertou para as dificuldades enfrentadas pelos setores têxtil e de vestuário da indústria nacional. De acordo com o parlamentar, a indústria têxtil gera atualmente mais de 1,6 milhão de empregos, mas está em situação de crise devido, principalmente, à alta carga tributária, aos juros elevados e também à concorrência de produtos chineses. Ele pediu providências do governo federal para auxiliar as mais de 30 mil indústrias têxteis brasileiras.

Da tribuna, Agripino informou que a indústria têxtil brasileira emprega 1,650 milhão de pessoas diretamente e faturou US$ 25 bilhões em 2004 e US$ 33 bilhões em 2005. Entretanto, as exportações têxteis contribuíram com apenas US$ 2,1 bilhões em 2004 e US$ 2,2 bilhões em 2006. De acordo com o senador, o estado de São Paulo é o maior produtor brasileiro de peças de vestuário e também o maior em fiação e tecelagem. No Brasil, continuou Agripino, a indústria de vestuário produz 7,2 bilhões de peças e acessórios por ano.

O senador disse que a produção física da indústria têxtil nacional cresceu 10,1% entre 2003 e 2004; caiu 2,11% de 2004 para 2005 e cresceu 1,57% entre 2005 e o ano passado. Já a indústria de vestuário, frisou Agripino, cresceu 1,54% no primeiro período, caiu 5,05% no segundo e voltou a cair (4,96%) entre 2005 e 2006.

- Nesse mesmo período o comércio varejista como se comportou? Cresceu e cresceu bem. Por quê? A indústria têxtil caiu um pouco, a de vestuário caiu violentamente e o comércio varejista, que vende peças do vestuário cresceu. Como? Cresceu por uma coisa chamada China, China! - afirmou o líder do PFL.

Na interpretação de Agripino, o baixo preço dos produtos chineses está "quebrando a indústria nacional". Preços baixos esses, explicou o senador, conseguidos pelo controle do câmbio pelo governo chinês e pelo baixo salário mínimo naquele país.

Agripino enumerou então a evolução da contribuição de diversos setores para o aumento da inflação no Brasil, nos últimos 12 anos: alimentação, cresceu 108,9%; energia elétrica, 375,9%; transporte, 312%; habitação, 269%; saúde, 265%; despesas pessoais, 122%; e vestuário, 15,8%. Para o senador, como o setor de vestuário contribui pouco para o aumento inflacionário, a importação de produtos chineses não deve ser incentivada.

- Confira o governo! Confira estes dados! É conferir para que o PAC do setor têxtil possa acontecer. Do contrário, o produtor de algodão não vai ter a quem vender algodão no país. Não vai ter como exportar, porque o câmbio não recomenda, não possibilita - desafiou.

Ele também informou que o Brasil é hoje o 7º produtor mundial de têxteis, mas participa de apenas 5% do mercado mundial. As exportações são inibidas, na interpretação do senador, devido à alta carga tributária do setor (54,4%), às elevadas taxas de juros e à valorização do real frente ao dólar.

- Fala-se em PAC, e não se fala em carga tributária, não se fala em taxa de juros e não se fala em câmbio - resumiu.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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