Presidente da Cobra nega pressão política para desistir de licitação

Da Redação | 09/02/2006, 00h00

Em depoimento à Sub-Relatoria de Contratos da CPI dos Correios, nesta quinta-feira (9), o presidente da Cobra Tecnologia, Leandro Vergara Raimundi, negou que a subsidiária do Banco do Brasil tenha sofrido pressões políticas para desistir da licitação do Projeto Correio Híbrido Postal, da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), em 2004.

Com a desistência da Cobra, que liderava um consórcio de nove empresas, entre elas a Embratel e a Xerox, o único grupo a disputar o certame foi o BR Postal, que se sagrou vencedor, arrematando um contrato estimado, a princípio, em R$ 4 bilhões. A CPI suspeita que o edital tenha sido dirigido.

De acordo com reportagem publicada no jornal Correio Brasiliense em junho do ano passado, a proposta da Cobra seria bem mais barata que a da BR Postal (cerca de metade do preço). O depoente não soube certificar os valores.

Segundo Raimundi, a decisão da Cobra se fundamenta em três motivos. Em primeiro lugar, os Correios não estariam fornecendo às empresas as informações solicitadas a respeito de tributações. Além disso, o fato de a Xerox estar impugnando na Justiça o processo licitatório, ao lado da Associação Brasileira de Indústrias Gráficas (Abigraf), causaria desconforto. Por fim, incomodaria também a possibilidade de o projeto ser novamente postergado.

- Não havia segurança nenhuma em relação aos números apresentados e a incerteza era total. E há que se considerar que, sendo a Xerox um membro do nosso grupo, nós nos tornamos uma empresa pública combatendo outra estatal. Íamos nos desgastar junto ao governo - explicou o presidente, que, à época do ocorrido (agosto de 2004), era vice-presidente de tecnologia e serviços.

Raimundi contou que a própria Xerox e a Interprint, outro membro do consórcio, também teriam sinalizado com a declinação e, quando comunicadas da decisão, teriam considerado a atitude responsável. Ele afirmou que nenhuma das outras empresas contestou a dissolução da equipe.

Compras sem licitação

Ao responder a um questionamento do deputado Antônio Carlos Pannunzio (PSDB-SP), o presidente da Cobra declarou que a empresa realiza freqüentemente compras de equipamentos e contratação de serviços sem licitação para o Banco do Brasil. Também já teria atuado da mesma forma junto a algumas prefeituras e aos Ministérios do Trabalho e da Previdência Social.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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