Para Greenhalgh assassinato de Celso Daniel foi crime comum e prefeito não participava de esquema de corrupção

Da Redação | 04/10/2005, 00h00

Durante mais de cinco horas de depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos nesta terça-feira (4), o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) manteve sua afirmação de que o assassinato do prefeito petista de Santo André (SP) em janeiro de 2002, Celso Daniel, foi um crime comum. O deputado disse não acreditar que Celso estivesse envolvido em esquema de corrupção na prefeitura, como acusou João Francisco Daniel, irmão do prefeito, em depoimento anterior à CPI dos Bingos.

Greenhalgh recordou que, no início, não afastava a hipótese de crime político. Entretanto, com o andamento das investigações, concluiu que o crime era comum. O deputado disse que não está acompanhando a nova investigação do caso, retomada a pedido da família de Celso. Mesmo assim, disse que, no caso de novas provas aparecerem, não terá vergonha em reavaliar suas conclusões sobre o caso.

O advogado Greenhalgh, que depôs como convidado, informou que foi indicado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para acompanhar as investigações do chamado "caso Celso Daniel". Ele registrou que o crime foi investigado por nove delegados, sendo três da Polícia Federal, além de cinco promotores de Justiça. Para o deputado, Sérgio Gomes, "o Sombra", acusado por João Francisco de ser um dos mandantes do crime, não teve participação no assassinato e simplesmente teria se acovardado no dia do crime. Sérgio, que estava junto com Celso quando o carro foi abordado, ocorrendo em seguida o seqüestro do prefeito, não teria sofrido agressões na ocasião.

- O Sérgio, que era segurança e motorista, amarelou, ficou intimidado, paralisado - declarou o deputado.

Os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Arthur Virgílio (PSDB-AM) manifestaram sua crença de que Sérgio realmente participou do crime e de que havia sim corrupção na prefeitura.

- Mantenho a convicção de que havia corrupção em Santo André. Não sei se Celso participava ou não. Também acredito que o Sombra participou do crime - afirmou Arthur Virgílio.

O deputado descreveu o momento em que reconheceu o corpo de Celso Daniel, no Insituto Médico Legal (IML), e afirmou que o prefeito não tinha sido torturado. Acrescentou ainda que, na época do assassinato, vários prefeitos do PT estavam recebendo cartas de ameaças, algumas das Forças Armadas Revolucionárias do Brasil (Farb).

Um pastor com uma câmera na mão

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), ao dirigir a palavra a Greenhalgh, relatou uma história que teria ocorrido cerca de um mês após o assassinato do prefeito. Suplicy disse que um homem ligou para ele, se identificou como "pastor Paulo Mansur" e afirmou ter filmado por acaso dois carros em alta velocidade perto de onde estava e só depois teria desconfiado que a cena filmada era o seqüestro de Celso. De acordo com Suplicy, o "pastor" prometeu entregar a fita, porém não o fez.

- Segundo ele, Sérgio, o Sombra, estaria orientando os seqüestradores. Eu disse que era importante que ele entregasse a fita e prestasse depoimento. Ele disse que tinha muito receio - relatou Suplicy.

Greenhalgh informou que o tal "pastor" prestou depoimento ao Ministério Público (MP) em 2002 e não disse nada sobre a suposta gravação. Suplicy pediu então que o "pastor" entregue a fita de vídeo para as autoridades, com garantiu de segurança para ele e para sua família. Antonio Carlos Magalhães criticou a Polícia Federal (PF) e o MP por até agora não terem ido atrás da gravação, "uma falta grave na investigação" segundo o senador baiano.

- O Sombra não foi o mandante. Ele teve dificuldades na cena do crime, amarelou. Não aceito a versão de João Francisco de que Celso estava envolvido em corrupção em Santo André - afirmou Greenhalgh destacando que João Francisco e Celso ficaram sem diálogo por mais de dez anos.

Também participaram da oitiva o presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PB), José Jorge (PFL-PE), Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), José Agripino (PFL-RN), Papaléo Paes (PMDB-AP) e Tião Viana (PT-AbC).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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